16.12.09

Pingo Doce versão Cambodja?


















Num dos países mais pobres do sudoeste asiático, trabalha-se um número indeterminado de horas, 364 dias por ano (não bissexto). Todo o emprego é bem-vindo, sobretudo em fábricas deslocalizadas dos nossos países orgulhosos e anafados e, goste-se ou não, a tendência vai continuar.

Mas nem tudo pode passar para esse outro lado do mundo, porque não dá muito jeito ir fazer compras de Natal a Siem Pang, nem mesmo a Phnom Penh, e é bom ter sempre um qualquer Continente ao alcance de um automóvel. Assim sendo, importem-se os hábitos e os «valores éticos» - parece ser essa a tendência.

Não sou nada fundamentalista em termos de (não) flexibilidade de horários de trabalho, sou pela abertura de quem quiser e puder ao Domingo e por aí adiante. Mas ler e ouvir que se pretende estender o horário de quem quer que seja até 60 horas semanais, obrigatoriamente e com pré-aviso de véspera, ainda por cima com compensação apenas concretizável em tempo de descanso e não em dinheiro, ultrapassa tudo o que estava preparada para ouvir neste domínio - mesmo vindo do eng, Belmiro de Azevedo.

Não terá sido certamente para isso que nasceu a Europa e, muito menos, que foi feito o 25 de Abril.

2 comments:

José Meireles Graça disse...

Os nossos países não estão "orgulhosos e anafados". Com uma ou outra excepção, estão, ou deviam estar, cabisbaixos por causa do desaparecimento da sua base industrial e consequente endividamento até à medula.

Joana Lopes disse...

Não deviam mas continuam convencidos de que são o centro do mundo e a comportarem-se como tal. Cabisbaixos, talvez, mas sem pegarem o boi pelos cornos.