Hoje, 28 de Maio, em jeito de comemoração de mais um aniversário da «Revolução Nacional» de 1926, vai ser lançado oficialmente o Movimento Assembleia. «Deus, trabalho e família» serão as suas principais linhas de força (registe-se: «trabalho» em vez de «pátria»), numa revisita actualizada do lema sagrado do nosso fascismo.
Tendemos a encolher os ombros quando surge mais uma iniciativa da «nacionalistas e salazaristas», crentes que estamos no insucesso garantido da extrema-direita em Portugal. Mantenhamos essa fé e alimentemos a respectiva esperança. Mas convém talvez não esquecer que, ao longo da História, tem sido em tempos de crises, por vezes bem menores do que aquela que estamos agora a atravessar, que projectos deste tipo acabam por agregar muitos descontentamentos e outros tantos contidos desesperos.
Enquanto nos digladiamos em questiúnculas quantas vezes sem sentido, outros poderão ir avançando de mansinho. Oxalá se trate apenas de mais um (longo)
Manifesto, que está em linha, e do qual extraio algumas passagens que me parecem especialmente reveladoras.
«Recusamos também a falsa dialéctica de Direitas e Esquerdas com que se pretende dividir o pensamento para submetê-lo. Consideramos que existem apenas governos consensuais e conflituosos. (…)
Consideramos que as democracias geridas pelos Partidos Políticos têm sido insuficientes e ineficazes, voluntária ou involuntariamente, e impotentes para resolver os problemas angustiantes da pobreza e do desemprego. (…) Em resumo, as democracias partidárias não só não têm vocação para erradicar a pobreza como a têm apresentado de modo crescente. (…)
Para nós a família é a única fonte de conservação e desenvolvimento natural da espécie humana, unicamente entendida pela união de dois seres de género diferente com viata à natural perpetuação da espécie. (…)
Não podem existir interesses opostos de patrões e operários. Deve existir a colaboração pacífica e solidária entre os elementos da produção, para que todos contribuam para a prosperidade colectiva. (…)
Não rejeitamos o trabalho estrangeiro em empresas portuguesas. Apenas não o legitimamos havendo portugueses desempregados. (…)
Deve ser restabelecida a disciplina que o liberalismo anarquizou, não se justificando nem a greve nem o «lock-out». (…)
Num país de raiz Católica Apostólica Romana, reconhecemos Deus como fonte de toda a razão e justiça, e seguimos a doutrina social da Igreja de matriz Cristã.»
(Notícia aqui)
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