3.12.16

Dica (447)




«More importantly, democracy does not mean electocracy. Winning an election does not entitle one to upend our basic values. The refusal to tolerate blatant racism, bigotry and misogyny is beyond compromise. The first obligation of anyone currently in a leadership position is not to find common ground with our new President-elect now that the ballots have been counted and the election is over. It is instead to once again make it possible for all who live in our country to feel safe.» 
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Godard nasceu num 3 de Dezembro



Jean-Luc Godard nasceu em Paris, em 3 de Dezembro de 1930. Passou a infância na Suíça, estudou mais tarde etnologia na Sorbonne, mas o centro da sua vida passou para o Cine-Clube du Quartier Latin. Foi lá que conheceu François Truffaut e Jacques Rivette e foi com eles que lançou, em 1950, La Gazette du Cinema. A partir do início de 1952, iniciou a sua actividade nos celebérrimos Cahiers du Cinéma.

Esse grande senhor da «Nouvelle Vague», da época em que nos precipitávamos para salas de cinema hoje fechadas desde que um novo filme chegava a Portugal ou, mesmo antes disso, quando assistíamos a duas ou três sessões por dia num qualquer pequeno cinema do Quartier Latin em Paris, anda por cá há 86 anos.

Tenho bem presente a sua primeira longa metragem – À bout de souffle – e outras se seguiram, das quais guardo num «cofre» muito especial La chinoise e, sobretudo, para sempre, Pierrot le fou.







«Qu'est ce que je peux faire? J'sais pas quoi faire! Qu'est ce que je peux faire? J'sais pas quoi faire! Qu'est ce que je peux faire? J'sais pas quoi faire!»
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Trump é Trump



«Muitos tentam acordar do pesadelo que foram os resultados das eleições americanas com a ilusão que vivem numa ilha imune ou que Trump Presidente não será o Trump nacionalista xenófobo da campanha eleitoral. Nada de mais ilusório, como se viu com a escolha de conservadores radicais para o seu governo que evidenciam o risco de sérios retrocessos nos direitos individuais e das minorias e no ambiente. (…)

Nenhum país parece estar imune ao contágio do nacionalismo identitário e ao revivalismo do conservadorismo religioso que o acompanha. Nenhum escapa a mais de uma década de desinformação sobre os muçulmanos, com a identificação abusiva do Islão com a violência, que facilita o sucesso do discurso xenófobo de Trump e dos populistas europeus. Portugal não escapou a esta retórica, como demonstra o recente estudo do Instituto de Ciências Sociais, segundo o qual os portugueses têm uma “maior resistência a abrir as fronteiras a muçulmanos”. (…)

Houve uma notável exceção europeia à ilusão da normalização de Trump. Angela Merkel anunciou os princípios e valores pelos quais julgaria a ação do Presidente eleito dos EUA, ao mesmo tempo que o seu partido afirmava a sua determinação em acelerar o desenvolvimento da política de defesa europeia, incluindo no domínio da dissuasão nuclear, como resposta à diminuição das garantias americanas.

Barack Obama foi à Alemanha depositar as suas esperanças em Angela Merkel e na sua capacidade para liderar a União Europeia e ser um fator de estabilidade da ordem internacional. Esta, porém, é uma tarefa difícil: não será fácil combinar as suas posições de princípio em matéria de valores com a imposição de austeridade que nega a justiça social, obstáculo à melhoria das suas relações com os países do Sul da Europa, onde poderia encontrar os melhores aliados.

A solução governativa encontrada em Portugal impediu que o PS tivesse o destino dos socialistas franceses, o que não deu, por enquanto, espaço ao aparecimento de uma alternativa populista e conservadora capaz de mobilizar os descontentes das políticas da austeridade e da globalização.

Para prevenir as consequências da mudança política nos EUA, o melhor é assumir que Trump será Trump e fazer novamente do combate pela democracia, pelos direitos individuais, políticos e sociais, a grande causa em que temos todos que nos empenhar.»

Álvaro de Vasconcelos

2.12.16

Imagem que os nossos netos já não percebem


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Dica (446)



Vale a pena rir. (Fernanda Câncio) 

«É fácil chamar torcionário e cleptocrata a Fidel. Não há empresas portuguesas compradas por cubanos nem dezenas de milhares de portugueses a viver em Cuba. E, no entanto, sabemos muito mais sobre o que se passa em Angola, sobre a miséria do povo, os desmandos do governo, a riqueza da oligarquia e a falta de liberdade que ali se vive do que sobre Cuba. Temos de saber: é por medo que calamos.» 
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O PCP nos seus labirintos


Texto certamente polémico, aquele que Daniel Oliveira publica hoje no Expresso diário e aqui transcrito, mas que ajuda a pensar.

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Ana Nicolau



Conheço-a bem, calcorreei com ela muitas ruas desta cidade de Lisboa, em manifestações várias, voltarei a fazê-lo se e quando necessário. Oiçam-na.



Uma Caixa vazia



«Recordo que tudo começou com a polémica dos ordenados milionários da nova gestão da Caixa e se agravou com a recusa do Presidente, António Domingues, e da nova equipa de gestão CGD em mostrar a declaração de rendimentos. Que gente tão envergonhada. Nos dias de hoje, todos revelam tudo, há redes sociais para isso. Ao menos uma "selfie" do Domingues com a sua declaração de rendimentos tirada na casa de banho em frente ao espelho. A culpa disto é bem capaz de ser dos salários. É sabido que os milionários são, em grande percentagem, uns excêntricos. (…)

Segundo a carta de demissão, António Domingues considera que foi vítima de um "turbilhão mediático". No fundo, é mais ou menos o que disse o fugitivo de Aguiar da Beira. (…) Na minha histérica opinião de pessoa desconfiada, isto quer dizer que o António Domingues andou dois meses a coscuvilhar na Caixa e agora volta para o BPI?! Palpita-me que a declaração de rendimentos vai aumentar. Que maravilha - "Vou ali para concorrência dois meses. Faço para lá barafunda, ainda dou mais mau nome àquilo e depois volto e trago clientes e esferográficas."

O mais curioso é que o Ministério das Finanças confirmou a decisão num comunicado, em que indica que Domingues se manterá no cargo até ao final do ano e será ainda o responsável pela definição dos critérios e da estratégia de provisões do banco público. E pelos lucros do BPI? (…)

Em termos de escolhas para a gestão da Caixa, não sei se não era altura de dar uma segunda oportunidade ao Salgado. As pessoas mudam muito depois de estarem presas. Mesmo que tenham sido só presas em casa. Tenho um amigo que passou a ser outra pessoa depois de ter estado fechado oito horas num elevador.»

João Quadros

1.12.16

Letizia vestiu roupa em segunda mão?


«Mas foi então que caiu a bomba da desilusão. A SIC revelou, numa peça em hora de ponta, que a rainha afinal tinha usado num destes jantares de gala o vestido que já envergara num casamento no Luxemburgo. Logo no Luxemburgo, um país mais pequeno do que a Amadora, é claro que tem um duque, alguma coisa havia de brilhar, mas usar roupa em segunda mão? Repetir um vestido? Afronta, tristeza, ela se calhar não gosta de nós, veio por desfastio. E logo veio o pior, a humilhação. Afinal, noutro jantar os brincos eram os mesmos do seu próprio casamento. (…)

E, digo-vos, isto não é coisa que passe depressa. Não nos esqueceremos de como suas majestades nos trataram, levaram as chaves e nem nos deram a atenção de evitar roupa em segunda mão, pois sentimos estas escolhas, é de pequenos gestos que se fazem as grandes gestas.»

Francisco Louçã

Dica (445)

PSD em estado de birra



O PSD não foi hoje às cerimónias do 1º de Dezembro, nem em pé nem sentado, com palmas ou sem elas. Pois não se vêem por aí indignações inflamadas… 
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Francisco Louçã sobre o Capitalismo




Daqui.

1º de Dezembro com Badajoz à vista



Desculpem qualquer coisinha, mas, para mim, o 1º de Dezembro foi sobretudo isto durante uns tantos anos.

Restauração assinalada, defenestração recordada, sem dúvida, mas em tempos idos era dia de peregrinação muito especial: atravessar a fronteira do Caia (com passaporte e autorização do marido e/ou do Ministério de que se dependia) e ir até Badajoz. Regressar com sacos de caramelos, cintos, porta-moedas e prendas para o Natal, na esperança de não ter a mala do carro vasculhada por suspeita de inocente contrabando.

A Espanha nunca deixou de trabalhar para festejar a nossa independência e nós pagávamos-lhe com uma pequena invasão da cidade mais próxima, que era então pouco mais do que uma terreola já preparada para nos receber, depois de várias horas de viagem. Pequenas aventuras em tempos cinzentos. 
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30.11.16

Sem primeira dama



Protocolos um pouco complicados: ficam homens a mais. 
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Dica (444)




«A demissão de António Domingues da presidência da Administração da Caixa Geral de Depósitos já só peca por tardia. Quem se recusou, durante três meses, a reconhecer a lei não serve para presidir à Caixa. Domingues revelou-se um enorme erro de casting, como costuma dizer-se. A sua entrega da declaração de rendimentos, já demissionário, só acentua ainda mais o traço de irresponsabilidade que marcou a sua atuação até agora.» 
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Peço desculpa, contive-me



Ricardo Araújo Pereira, na Visão de hoje, a propósito do insulto «disfunção cognitiva temporária»:

«Portugal merece que os seus deputados encontrem um meio-termo entre o que volta e meia acontece no parlamento de Taiwan e o que esta semana sucedeu n nosso: um modelo de discussão rija sem ser selvagem e cordata sem ser mariconça. Normalmente, as pessoas desculpam-se dizendo “Excedi-me.” O sr. Secretário de Estado devia ter a decência de nos dizer a todos: “Peço desculpa, contive-me.”»

Na íntegra AQUI.
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A espada do BCE



«A aprovação do OE2017 e a provável saída de Portugal em 2017 do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) devem ser celebradas pela esquerda com alguma moderação e lucidez. Claro que é irónico que seja uma maioria que se construiu em torno da ideia da devolução de direitos e rendimentos a conseguir o que quatro anos de massacre não atingiram. Mas convém que isso não se converta na ideia de que Portugal se libertou das imposições europeias, o que seria uma trágica ilusão.

Falo de “imposições” e não de “regras europeias” por uma razão simples: não há regras europeias, ponto final, parágrafo. (…)

O critério para o BCE querer é estritamente político. Após a crise financeira, não faltou quem questionasse o absurdo de ter agências de rating, que falharam escandalosamente nas suas análises e provaram a sua falta de fiabilidade, a qualificar ou desqualificar ativos perante o BCE. Mario Draghi resolveu o problema: não acabou com esse critério absurdo, mas acrescentou uma agência ao trio já existente, atribuindo-lhe um papel decisivo em toda a sua política de avaliação de activos. A DBRS, graças a essa decisão do BCE, garantiu um estatuto e uma rendibilidade que não tinha anteriormente. E assim se cria uma dependência. (…)

Bruxelas pode cortar o financiamento a Portugal sem ter de assumir qualquer responsabilidade política. Basta que o BCE diga à DBRS para dizer que Portugal é lixo. Bruxelas dirá que são as regras. É muito melhor do que aprovar sanções na comissão. (…)

Estamos então condenados a obedecer? Não estamos, mas a autonomia democrática do país exige que se assegure uma dívida pública sustentável, apenas possível através de uma reestruturação. Essa reestruturação deve repor a dívida em níveis que permitam um financiamento que não dependa do patrocínio do BCE. A alternativa a este caminho é a perspectiva de, como proposto a Dâmocles, governar com uma espada em cima da cabeça. E uma república soberana que vive sob uma permanente ameaça não pode ser soberana. Nem sequer República.»

José Gusmão

Os Filipes e nós



Tivemos cá o II, o III e o IV, do V não reza a nossa História, e eis que hoje recebemos o VI, com muita pompa e toda a circunstância. Um dia antes de festejarmos o 376º aniversário dos feitos dos Conjurados, que nos libertaram do jugo castelhano, abrimos as portas da nossa assembleia republicana a realezas versão 2.0.

Igual fair play parece difícil, maior é certamente impossível.
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29.11.16

Dica (443)



Domingues saiu, pois ainda bem. (Francisco Louçã) 

«Na minha opinião, o parlamento fez aliás muito bem em votar a norma que inclui na lei orçamental e que evita qualquer discussão interpretativa sobre a lei de 1983. O que me surpreende é que partidos que acham que os administradores são obrigados à declaração de interesses tenham votado para que o parlamento desse o sinal de que rejeita essa obrigação. Se pensavam que com essa pusilanimidade seguravam Domingues, então tinham que estar dispostos a dar-lhe a isenção que reclamava. E não estavam, o que não os dispensou de comentarem a demissão do presidente da Caixa como se ele fosse uma vítima de uma perseguição e não o criador do seu próprio imbróglio ao recusar o dever elementar da lei e da transparência.»


Finalmente, sossego na Caixa? (Francisco Louçã) 

«A ideia de que o parlamento se devia ter acobardado e recusado o dever declarativo, na esperança de que dentro de umas semanas ou meses o Tribunal encerrasse a questão, é uma graçola. (…) Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, que vêem melhor o filme, suspiraram de alívio pela demissão e, sobretudo, pelo não arrastamento desta novela envergonhante.» 
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Pós-verdades


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Pobres americanos




«If President-elect Donald J. Trump wanted a cabinet secretary who could help him dismantle and replace President Obama’s health care law, he could not have found anyone more prepared than Representative Tom Price, who has been studying how to accomplish that goal for more than six years.» 
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França: infelizmente, é isto

A roleta russa de Domingues



«A nomeação da nova administração da CGD começou por ser feita como se António Domingues tivesse ido a um alfaiate requintado: queria um fato à sua medida e o artífice garantiu-lhe que nem pareceria mais anafado nem mais magro.

A fatiota mascararia qualquer imperfeição. Nada disso aconteceu. António Domingues sai de cena com um fato onde uma manga é mais comprida do que a outra e as calças se transformaram em calções. (…) Um banco público não é uma empresa privada. E a força política em Portugal tem mais músculo do que pareceres de doutas pessoas. António Domingues cai vítima das suas fragilidades: as que tinha e as que lhes juntou durante estas semanas. Nem o silêncio de declarações de rendimentos era de ouro, nem a sua alquimia permitia transformar uma entidade pública como a CGD numa outra qualquer. Marcelo e António Costa juntaram-se num desígnio: mostraram-lhe a porta do labirinto onde se tinha metido. (…)

As regras eram conhecidas. Alterá-las era subverter o espírito de um banco estatal que deve estar ao serviço da economia nacional e dos seus empresários. E não de jogos de bastidores impossíveis de escrutinar. Num cargo público não se pode nem deve usar uma incineradora para tranquilizar consciências. Por isso o resultado desta trapalhada na CGD é o enfraquecimento da democracia. No fim, António Domingues praticou um diletante exercício de roleta russa defronte dos portugueses. E não sai como um herói.»

Fernando Sobral

28.11.16

Afinal há diabo



Pedro Santos Guerreiro no Expresso diário de 28.11.2016.
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Dica (442)



Cómo combatir la posverdad. (David Alandete) 

«Facebook y el resto de grandes plataformas de Internet aún están a tiempo de intentar salvarse y salvarnos de esta deriva. Es tan fácil como incorporar a sus algoritmos excepciones para medios que invierten en información, son sometidos a controles de calidad y rinden cuentas. Un algoritmo nunca podrá hacer periodismo, pero puede aprender a identificar a aquellos que lo hacen, por el bien de todos.» 
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Poesia matemática




Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
uma perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
frequentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.

Millôr Fernandes
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Marques Mendes




Sabe-se que uma certa parte do país vai mesmo mal quando já nem Marques Mendes acerta. 
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A união de interesses



«Num mundo que sonha com a mão invisível da economia, Marcelo Rebelo de Sousa é a mão visível que abana o berço onde o Governo comemora um ano de vida.

É o abono de família de António Costa e da sua grande aventura: ter ganho várias batalhas perdendo umas eleições legislativas. Costa, que as sondagens aplaudem, venceu a batalha das expectativas e das percepções. Criou uma fórmula de poder de que a aritmética pura desconfiava. E empurrou a oposição, especialmente o PSD de Passos Coelho, para um labirinto onde este se tem perdido com bravura da suicidária carga da Brigada Ligeira. (…)

É isso que Marcelo reconhece, quando louva a "estabilidade política", abraçando a coligação. O PR sabe que os frutos para qualquer mudança estão longe de estarem maduros. Este ainda não é o tempo de desavenças visíveis entre PS, BE e PCP. E o PSD precisa de mudar para ser um parceiro audível para uma mudança. António Costa sabe que o acordo à esquerda não é para arrogantes nem para humildes. E a impaciência deve ser gerida a contento. Fazer um acordo é compreender os limites do poder e fazê-lo compatível com os limites dos que acordam algo contigo. É esta estabilidade que foi possível e que tem conquistado os cidadãos. Há sombras no horizonte: sem investimento não haverá riqueza futura; sem contas públicas certas a fraqueza será sempre real; as ameaças externas são variadas, da Europa às agências de "rating". A união de interesses de Marcelo e Costa tem, a prazo, amarras fortes: a estabilidade política e o diabo comum, Passos Coelho. É suficiente.»

Fernando Sobral

27.11.16

Pragmatismo e entreajuda


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Últimos pedidos a Obama



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Dica (441)

A ilusão de uma ilha



«“Estamos em Portugal numa ilha de estabilidade. Quando olhamos para o que acontece no mundo, seja nos EUA ou na União Europeia (UE), onde a incerteza política é grande, olhamos para Portugal como um espaço de estabilidade.” A frase é de Pedro Nuno Santos. (…)

De facto, contrariando o que há doze meses parecia impossível, o Governo PS com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) e do PCP não só tem conseguido sobreviver, como também promete durar mais muito mais do que a grande maioria dos portugueses acreditaria. (…)

Ultrapassou-se a fatalidade do “centrão”, provocando ressentimentos e crispações entre uma direita manifestamente mal preparada para digerir a contrariedade de não ter obtido a maioria absoluta e de ser empurrada para a oposição por uma inesperada convergência parlamentar maioritária. (…)

Mas a “ilha de estabilidade” portuguesa confronta-se, sobretudo, com a ilusão de vivermos num mundo fechado às contingências externas, quando estas se acentuam cada vez mais no plano global e, em particular, europeu. Até quando poderá Portugal contar com a “compreensão” da UE para os nossos problemas orçamentais e a insustentável dívida que nunca conseguiremos pagar nas actuais condições? Ou até que ponto Angela Merkel, a única líder europeia com dimensão para enfrentar o choque do isolacionismo americano, será capaz de responder aos desafios que o desconcerto da Europa e o Diktat financeiro germânico provocaram na coesão e solidariedade da UE? Não, não vivemos numa ilha.»

Vicente Jorge Silva
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