«“Estamos em Portugal numa ilha de estabilidade. Quando olhamos para o que acontece no mundo, seja nos EUA ou na União Europeia (UE), onde a incerteza política é grande, olhamos para Portugal como um espaço de estabilidade.” A frase é de Pedro Nuno Santos. (…)
De facto, contrariando o que há doze meses parecia impossível, o Governo PS com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) e do PCP não só tem conseguido sobreviver, como também promete durar mais – muito mais – do que a grande maioria dos portugueses acreditaria. (…)
Ultrapassou-se a fatalidade do “centrão”, provocando ressentimentos e crispações entre uma direita manifestamente mal preparada para digerir a contrariedade de não ter obtido a maioria absoluta e de ser empurrada para a oposição por uma inesperada convergência parlamentar maioritária. (…)
Mas a “ilha de estabilidade” portuguesa confronta-se, sobretudo, com a ilusão de vivermos num mundo fechado às contingências externas, quando estas se acentuam cada vez mais no plano global – e, em particular, europeu. Até quando poderá Portugal contar com a “compreensão” da UE para os nossos problemas orçamentais e a insustentável dívida que nunca conseguiremos pagar nas actuais condições? Ou até que ponto Angela Merkel, a única líder europeia com dimensão para enfrentar o choque do isolacionismo americano, será capaz de responder aos desafios que o desconcerto da Europa e o Diktat financeiro germânico provocaram na coesão e solidariedade da UE? Não, não vivemos numa ilha.»
Vicente Jorge Silva
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