Fã incondicional de Haruki Murakami, julgo que terei lido tudo o que dele já foi traduzido para português. Outras prioridades e pouca apetência por livros de contos foram no entanto deixando A rapariga que inventou um sonho na mesa-de-cabeceira. Agora que lhe peguei, avanço pela noite dentro com um enorme prazer.
Parei ontem em duas páginas magníficas sobre a juventude japonesa no fim da década de 60. Um Maio de 68 revisitado do outro lado do mundo, onde sabíamos que também se viviam os tais tempos muito especiais, mas que eram então demasiado longínquos para serem verdadeiramente compreendidos. A mesma realidade, as mesmas bandas sonoras, a globalização antes de tempo. Os acontecimentos dissecados como «o turbilhão e a energia dos tempos, o tremendo clarão da esperança» e «um sentimento de inevitável frustração, como acontece quando se olha pelo lado errado de um telescópio».
Ainda sem muita publicidade enganosa, sem lojas de oportunidades nem cartões de crédito – «pré-história de um capitalismo tardio», chama-lhe Murakami.
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