Antes de mais que fique bem claro que estou muito longe de ser anti-americana e que fui dos que se entusiasmaram com a eleição de Obama. Mas não consegui ouvi-lo, ontem à noite, sem um enorme recuo em relação ao que estava a ser dito.
Independentemente dos acontecimentos que motivaram a sua intervenção – o Egipto -, e mesmo do conteúdo da mesma, aceita-se como normal que o presidente dos EUA apareça, se não como o dono do mundo pelo menos como o seu mentor universal, o paternalista que procura ditar o curso da História para o dia seguinte. Não sou ingénua, sei que é assim mesmo, não ignoro tudo o que está em jogo, mas não me parece normal.
Bem pode Obama dizer que serão os egípcios a decidir o seu futuro que não resiste a tomar logo de seguida as rédeas na mão, não escondendo que falou com Mubarak depois da última intervenção deste e antes de se dirigir «ao mundo», e terminando a dizer aos jovens da Praça Tahrir «We hear you»… (Vale a pena ouvir, ou voltar a ouvir a esta luz, o discurso de ontem à noite.)
O que me ocorre imediatamente é perguntar se este fenómeno perdurará ou se, daqui a uns tantos anos (poucos? muitos?), estaremos condenados à tradução simultânea de um discurso em mandarim, feito por um próximo sucessor de Hu Jintao.
Por outras palavras e era aqui que eu queria chegar: alguém ouviu falar da ONU nas últimas semanas?
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3 comments:
ONU, ONU,
Para que serves tu?
(o seu titulo é quase igual ao meu, antes do discurso que Obama deu)
Que triste.
E eu à mesa com a família, assistindo à revolução em directo das ruas do Cairo, saboreando a minha massa bolonhesa, dois homens aos murros, uma pedrada na cabeça, sirvo sumo às crianças. E tudo enquanto se decide o futuro dum país- e não um qualquer país-, certamente o futuro da Europa e quiçá um novo cenário político mundial para as próximas gerações. - "Inês, acaba lá a porcaria da sopa!"
Quero lá saber da ONU!
Estamos é todos malucos!!
(ou verdadeiramente confortáveis)
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