24.6.09

O tal exame

















Nada como uma noite de insónias para tirar dúvidas. Depois de ouvir mais de cinquenta vezes afirmar, e negar, que o Exame de Matemática A do 9º ano estava ao nível da instrução primária, procurei-o na net e resolvi-o. Não, não sou licenciada em Matemática e há muitos anos que não olhava para este tipo de provas. Mas ainda não caí em mim e tudo o que poderia dizer saber-me-ia a pouco.

Faço portanto o seguinte: transcrevo parte de uma das questões do referido exame e uma outra que tirei de UMA PROVA MINHA DA ANTIGA 4ª CLASSE, religiosamente arquivada pela minha mãe, numa pasta que conservo.

Exame do 9º ano
O Museu do Louvre é um dos mais visitados do mundo. A Tabela representa o número de visitantes em três anos consecutivos (em milhões):
2004 – 6,7
2005 – 7,5
2006 – 8,3
Obrserva que o aumento do número de visitantes, por ano, entre 2005 e 2006 é contante, Determina o ano em que haverá 15,5 milhões de visitantes, supondo que o aumento, nos anos seguintes, se mantém constante. Mostra como chegaste à tua resposta.

(Obs.- Tenho praticamente a certeza de que é possível usar máquina de calcular.)

Exame da (minha) antiga 4ª classe
Um terreno tinha 2,3 hm2. Venderam-se dele 45 dam2 a 40$00 cada metro quadrado. Quanto vale o restante?

Eu tinha 8 anos quando resolvi este problema – sem tabelas com fórmulas, nem máquinas de calcular.

11 comments:

Miguel Gomes Coelho disse...

Joana,
não comparemos o incomparável...
Existem outras situações, hoje, que eram imposs+iveis no nosso tempo.
Estamos a falar de realidades diferentes.
Também nós, só davamos aritmética racional no 6º. ano do liceu, e os meus filhos, hoje já gente muito crescida e profissional, deram a teoria dos conjuntos na instrução primária.

Anónimo disse...

Como é que consegues resolver o da 4a classe? Não dizem se tem plano de urbanização aprovado, se o Presidente da Camara é amigo do dono, se o interessado em comprar é do PSD, etc. toda uma série de coisas que alteram o valor do terreno.
Mas no tempo do estado novo não era assim. Era mais claro. Se o comprador for algum sr. dr. ligado ao regime o mais provável era pagar menos que os 40 paus, se fosse ao contrário, ser o vendedor o situacionista, aí o mais certo era a venda ir para aos 70 mil reis o metro.
A matemática é lixada.

Virgílio Vargas disse...

no ano em que houver 15.5 milhões de visitantes no Louvre, deve ser o caos total: mais de 42 mil por dia! Proponho que se construa um novo Museu do Louvre na OTA, e que fique ligado por TGV a Paris (com paragem no novo Museu dos Coches, claro) Se para isso for preciso comprar uns bons milhares de hm2, a 40$00 o m2, faz-se um orçamento rectificativo e anuncia-se o projecto com grande fanfarrra. Se a oposição protestar, grita-se "Jamais!", se for ano de eleições, adia-se 3 meses. E as TVs passam a ter mais umas merdas para os comentadores de bancada "discutirem" todas as noites até à exaustão. Viva os exames de Matemática!

Joana Lopes disse...

T. Mike,

A comparação foi só para pôr em evidência que me parece absolutamente inadmissível que, no 9º ano, se façam perguntas tão elementares como as deste exame - servem para quê? Que os alunos aprendam coisas que dantes não se ensinavam é excelente, mas nem por isso devem ter ficado infantilizados, certo?

Joana Lopes disse...

Estás inspirado, Virgílio!!!

Cristina Gomes da Silva disse...

As coisas mudaram bastante, mas a questão dos conteúdos disciplinares não é a mais preocupante. Preocupa-me mais a imbecilidade, as incivilidades várias, o consumismo desenfreado.

Anónimo disse...

Olá Joana
Que competências adquiriste ao resolver este problema?
JM

Isabel disse...

joana

não é difícil mas é adequado e útil, mais difícil e mais util do que o exemplo da 4ª classe. Fui professora de Fisica-quimica durante alguns anos e este é um tipo de raciocínio em que os miudos não devem hesitar. E chegam à universidade a hesitar.

Joana Lopes disse...

Só para eu perceber, Isabel. Não devem hesitar em quê: subtrair 8,3 de 15,5 e dividir por 0,8? Mas é admissível que hesitam, no 9º ano ou... quando chegam à Universidade??? Ultrapassa-me.

Isabel disse...

vamos cá a ver, neste caso, não é o cálculo que é importante, mas o raciocínio. Hesitam pela vida fora...

Joana Lopes disse...

Mas é do raciocínio que eu falo, Isabel. Sou talvez demasiado optimista e não sei se tudo piorou muito desde que o meu filho, que tem 33 anos, passou por tudo isto. Mas garanto-lhe que nem ele, nem muitos amigos que então segui, hesitavam neste tipo de raciocínio.
Se tudo piorou até este ponto, então a situação é mesmo MUITO grave...