Tinha acabado de ler a homilia de Natal de D. José Policarpo, quando caiu a notícia do assassinato de Benazir Bhutto.
O cardeal fez um discurso virado para dentro da sua comunidade, em termos estranhos para o comum dos mortais (« Separados pelo pecado, Deus e o homem reencontram-se em Jesus Cristo, podem conhecer-se e amar-se, na verdade profunda dos seus corações»). Tudo bem – a missa era dele e os fiéis também.
Mas, e isso é mais grave, aproveitou para afirmar que «todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade».
Ignorou – ou fingiu ignorar – que as religiões e as suas igrejas são também «o maior drama da humanidade», porque estão muito longe (cada vez mais longe?) de serem um elo entre nações e dentro das nações. Porque os homens continuam a matar em nome dos deuses e dos seus representantes na terra. Porque há religião a mais – e não a menos – a determinar os destinos do mundo.
Hoje, a vítima foi Benazir Bhutto – apenas mais uma.
3 comments:
Quem mandou matar Benazir Bhutto, quem ?
Como as aparências são enganadoras!
Um dia destes Sónia Gandhi, mas líder ocidental ou norte-americano, nunca .
Yourcenar disse numa longa entrevista que os três sistemas monoteístas que regem o mundo são o grande problema. E teria mesmo razão.
Não conhecia esta afirmação de Yourcenar, mas (infelizmente, digo eu) tendo a estar de acordo.
Enviar um comentário