Foi tirada no dia 22 de Outubro de 1967, em Washington, durante uma manifestação pacifista contra a guerra do Vietname. Jovens colocam flores nas armas dos soldados. Era então grande a contestação nos Estados Unidos – seis dias antes, Joan Baez e mais cerca de cento e vinte pessoas tinham sido presas numa manifestação semelhante.
Por cá, se algum jornal tentou publicar a dita fotografia, foi certamente censurado. Estávamos, nós também, em longos anos de guerras, mas num outro mundo, fechado a cadeado e bem protegido contra este tipo de veleidades.
Os ecos desse «Summer of Love» de 67 chegavam-nos atrasados e só através de jornais estrangeiros. Líamos, com inveja, que multidões de jovens convergiam para a Califórnia, escutávamos o novíssimo Seargeant Pepper dos Beatles e sabíamos de cor (ainda sei) o San Francisco de Scott McKensie. Vivíamos, como podíamos, as utopias hippies – censuradas publicamente, mas que ninguém conseguiu impedir que mudassem (e muito) as nossas vidas privadas.
Hoje, para nós portugueses, flores em espingardas soa a «déjà vu». Mas só as vimos sete anos depois de Bernie Boston, numa manhã de Abril, quando alguém – soldado ou florista, nunca se saberá – se lembrou de pôr o primeiro cravo no cano de uma G3.
Ficou tão forte essa imagem na nossa História que talvez a fotografia de Washington nos pareça banal. Mas não o era em 1967 – nem mesmo nos Estados Unidos.
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