14.6.11

Um artigo de Pedro Pezarat Correia que o Diário de Notícias não quis publicar (Actualizado)

.
Via Rui Bebiano no Facebook, tive acesso a este texto, com pedido de divulgação, por vontade expressa do próprio Pezarat Correia.

PAULO PORTAS MINISTRO?

Ana Gomes provocou uma tempestade mediática com as suas declarações sobre Paulo Portas. Considero muito Ana Gomes, uma mulher de causas, frontal, corajosa, diplomata com muito relevantes serviços prestados a Portugal e à Humanidade. Confesso que me escapa alguma da sua argumentação contra Paulo Portas e não alcanço a invocação do exemplo de Strauss-Kahn. Mas estou com ela na sua conclusão: Paulo Portas não deve ser ministro na República Portuguesa. Partilho inteiramente a conclusão ainda que através de diferentes premissas.

Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa Nacional de anterior governo, mentiu deliberadamente aos portugueses sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, que serviram de pretexto para a guerra de agressão anglo-americana desencadeada em 2003. Sublinho o deliberadamente porque, não há muito tempo, num frente-a-frente televisivo, salvo erro na SICNotícias, a deputada do CDS Teresa Caeiro mostrou-se muito ofendida por Alfredo Barroso se ter referido a este caso exactamente nesses termos. A verdade é que Paulo Portas, regressado de uma visita de Estado aos EUA, declarou à comunicação social que “vira provas insofismáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque” (cito de cor mas as palavras foram muito aproximadamente estas). Ele não afirmou que lhe tinham dito que essas provas existiam. Não. Garantiu que vira as provas. Ora, como as armas não existiam logo as provas também não, Portas mentiu deliberadamente. E mentiu com dolo, visto que a mentira visava justificar o envolvimento de Portugal naquela guerra perversa e que se traduziu num desastre estratégico. A tese de que afinal Portas foi enganado não colhe. É a segunda mentira. Portas não foi enganado, enganou. Um político que usa assim, fraudulentamente, o seu cargo de Estado, não deve voltar a ser ministro.

Mas já não é a primeira vez que esgrimo argumentos pelo seu impedimento para funções ministeriais. Em 12 de Abril de 2002 publiquei um artigo no Diário de Notícias em que denunciava o insulto de Paulo Portas à Instituição Militar, quando classificou a morte em combate de Jonas Savimbi como um “assassinato”. Note-se que a UNITA assumiu claramente – e como tal fazendo o elogio do seu líder –, a sua morte em combate. Portas viria pouco depois dessas declarações a ser nomeado ministro e, por isso, escrevi naquele texto: «O que se estranha, porque é grave, é que o autor de tal disparate tenha sido, posteriormente, nomeado ministro da Defesa Nacional, que tutela as Forças Armadas. Para o actual ministro da Defesa Nacional, baixas em combate, de elementos combatentes, particularmente de chefes destacados, fardados e militarmente enquadrados, num cenário e teatro de guerra, em confronto com militares inimigos, também fardados e enquadrados, constituem assassinatos. Os militares portugueses sabem que, hoje, se forem enviados para cenários de guerra […] onde eventualmente se empenhem em acções que provoquem baixas, podem vir a ser considerados, pelo ministro de que dependem, como tendo participado em assassinatos. Os militares portugueses sabem que hoje, o ministro da tutela, considera as Forças Armadas uma instituição de assassinos potenciais». Mantenho integralmente o que então escrevi.

Um homem que, com tanta leviandade, mente e aborda assuntos fundamentais de Estado, carece de dimensão ética para ser ministro da República. Lamentavelmente já o foi uma vez. Se voltar a sê-lo, como cidadão sentir-me-ei ofendido. Como militar participante no 25 de Abril, acto fundador do regime democrático vigente, sentir-me-ei traído.

Junho de 2011-06-13
PEDRO DE PEZARAT CORREIA

P.S. O artigo acabou por ser publicado hoje, 15/6. Ver AQUI explicação e comentário de Vasco Lourenço.
.

8 comments:

Vítor Fernandes disse...

Partilhei no face por concordar com o artigo e por discordar da censura.

José Meireles Graça disse...

Pezarat não se enxerga: sente-se "traído" se Portas, que foi eleito, vier a ser Ministro da Defesa. Portas e os eleitores de Portas, entre os quais me incluo, devem a Democracia a Pezarat, vai daí não são livres de escolher quem bem entendam, nem de se deixarem convencer com provas cuja falsidade não escaparia ao arguto Pezarat. Portas, eu, e umas boas centenas de milhares de Portugueses, precisamos da aprovação de Pezarat porque ele, o colega Lourenço e outras luminárias fardadas e à civil têm a marca registada do 25 de Abril. É o que digo: não se enxergam - todos. No meu 25 de Abril sou livre de escolher quem entendo; e livre também de ver Pezarat como um herói burro.

Anónimo disse...

Portas foi "eleito" ministro? Onde é que os ministros são eleitos? E onde é que alguém é eleito com uma votação de 11 por cento e depois rebocado pelo partido mais votado? A única coisa que Portas foi eleito foi deputado. Grande confusão vai no eleitorado CDS e nas suas "eleições" à moda do Estado Novo.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Não me lembro de ter ouvido o Paulo Portas dizer que tinha visto provas da existência de ADM no Iraque quando regressou dos EUA. Lembro-me de ter ouvido o Durão Barroso dizer isso quando regressou da cimeira das Lajes.
Sou eu que estou esquecido ou o Pezarat Correia que está a fazer confusão?

Joana Lopes disse...

Perguntas-me isso a mim, Manel? Sei lá...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Pergunto a quem souber responder?
Porque não é indiferente ter sido o Paulo Portas ou o Durão Barroso a dizer isso, face ao que este texto pretende defender. Que é uma acusação grave, se bem que o uso da mentira na política esteja banalizado, e não é indiferente saber se ela é justa ou, ela própria, outra mentira.

Anónimo disse...

Nunca vi o Pezarat Correia no mato, muito menos o Loureiro dos Santos e ainda menos o General Ramalho Eanes. Havia no meu tempo, hoje um coronel Casimiro Dias Morgado que queria chegar a General e como chegavam eles a Generais, com a ajuda dos Milicianos que fizeram a guerra por eles. Paulo Portas foi o único que se lembrou dos Milicianos e que chamou aldrabão a Sócrates. Temos no nosso País traidores à Pátria que queriam ser Presidentes da República e um até o foi. Os Iraquianos e os Iranianos são peritos em bunkers; quem de animo leve pode afirmar que não há lá armas de destruição maciça? Um Aldrabão, Um Oportunista e um Traidor;como o Sócrates o Alberto Martins e o Alegre, etc..., Onde está o famoso saco azul, querem ver que os submarinos foram comprados com esse dinheiro; para não referir gente que à civil anda com medalhas ao peito, fico por este famoso trio; é uma Trindade digna dos versos de João de Deus Ramos, meu parente e que aqui adapto:-Se a Trindade/foi uma Divindade/então levai os Três/levai-mos de Vez:
TRIO A BOM PORTO
Acusado de prevaricação
no processo de sua mulher
acusado de falta d'atenção
por os meus mails não ver!
-
nas eleições Presidenciais
sem respeitar o Presidente
era ele quem falava a mais
de que maneira indecente!
-
e mas que pessoa tão rara
e mas que pessoa tão culta
deixa andar Godinho,Vara
à solta p'la tal Face Oculta!?
-
rosto e os olhos são medos
e todo ele é muito sinistro
deixando à solta o Penedos
e que exemplo de Ministro!
-
já quando ele foi inquirido
cá por um certo jornalista
ele disse nunca ter deferido
salário a dobrar à socialista!
-
andou com falta de memória
Chefe da Justiça Portuguesa
em que o ladrão tem a glória
justo é pessoa que vai presa!
-
mais duas quadras eu acabo
ai como acaba o teu mandato
e por ti já chama o tal diabo
p'lo nosso primeiro cordato!
-
um recado eu deixo à Dilma
ai, gente como esta tão senil
são a tua gente que já filma
essas aventuras aí no Brasil!
-
e o bom do Presidente Lula
ao saber qu'o José é director
d'empresas grandes ele pula
e diz vem para cá o desertor!?
-
e com as leis escreveu torto
para sempre atingir seus fins
o anjo vos leve a bom porto
ao José e ao Alberto Martins!
-
Levai “Santíssima Trindade”
a estes três ó meu Pai Santo
fazei cair Carmo e Trindade
ai sobre eles, eu me encanto!
-
Eugénio dos Santos

Anónimo disse...

Ó General, sabe o que me indigna? Gente que tem o nome manchado de sangue eleito pelos portugueses. Gente desonesta que não é digna de ser militar ao serviço da pátria mas que tenta falar de alto. Gente que, por acaso, foi arrastada num golpinho planeado por decreto mas que virou uma revolução por acção comunista. Gostava bem de saber em que sentido lhe pisou o Portas nos calos, gostava, gostava...