Neste período pós-eleitoral, o Zé Neves tem estado especialmente inspirado nalguns textos publicados no «Vias de Facto». Isto significa, obviamente, que, de um modo geral, estou de acordo com as linhas de reflexão que tem apontado, como é o caso de mais um post de ontem à noite: Saber por onde não ir.
Se a esquerda está em tempo de «repensar, rediscutir, reunir, reduvidar, até auto-flagerar», isto implica que deve estar aberta à eventualidade de assumir rupturas, sem por isso cair na tentação de «partir do nada».
Até aqui nada de especialmente novo, mas é na formulação de dois pressupostos, ou dois «limites», como lhes chama, que ZN é claro e certeiro: «O primeiro limite é o que nos distancia de quem prefere combater o capitalismo e só depois valoriza a luta pela democracia», «o segundo limite (…) é o que nos separa dos que entendem que a luta pela democracia é questão prioritária em relação à luta contra o capitalismo».
Ou seja: «qualquer hierarquização que afirme que o tema da democracia é mais relevante que o do capitalismo ou vice-versa deve ser rejeitada porque abriga um equívoco: o de que é possível dissociar política e economia. A esquerda que interessa não escolhe entre liberdade e igualdade. Como fazer política com base nesta "não-escolha", isto é, saber por onde ir, é a tarefa que nos cabe. Sem termos medo de não ter resposta para a questão "onde está a vossa sociedade alternativa?"».
Antes de mais, registe-se que é importante falar de «anti-capitalimo», e não pura e simplesmente de «socialismo», termo com patente registada por muitas e não necessariamente consentâneas paragens.
Por outro e sobretudo, se nas actuais discussões em curso, que parecem estar longe do fim (e ainda bem…), não se perder de vista esta linha de horizonte, a travessia do deserto não se fará à toa e dará certamente bons frutos - mesmo que não se encontrem muitos oásis pelo caminho e se continue sem saber responder à pergunta final de ZN: «onde está a sociedade alternativa?». É que nada leva a crer que o mundo acabe amanhã, nem antes de o FMI sair de Portugal.
Por outro e sobretudo, se nas actuais discussões em curso, que parecem estar longe do fim (e ainda bem…), não se perder de vista esta linha de horizonte, a travessia do deserto não se fará à toa e dará certamente bons frutos - mesmo que não se encontrem muitos oásis pelo caminho e se continue sem saber responder à pergunta final de ZN: «onde está a sociedade alternativa?». É que nada leva a crer que o mundo acabe amanhã, nem antes de o FMI sair de Portugal.
(Foto @Paulete Matos)
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