Não conheço ninguém, e há muito tempo que não leio um único texto, que revele a convicção de que a Grécia vai conseguir salvar-se do naufrágio em que se afunda todos os dias um pouco mais. Sem que contem para a estatística, por razões óbvias, alguns burocratas de Bruxelas e arredores.
Já é o próprio governo a reconhecer que vai falhar as metas de défice para 2011 e 2012, continua-se a reduzir postos de trabalho (mais 30.000 funcionários públicos…) e nada parece resultar. Para os gregos, ir ao café é já quase um acto de rebelião.
O Expresso não é propriamente o Ladrões de Bicicletas nem o Esquerda.net, mas lemos, cada vez com maior frequência, títulos como este: Zona euro: Troika está a aumentar hipótese de "queda caótica". Trata-se, neste caso, de excertos de uma entrevista que Mark Weisbrot deu à Lusa, onde se advoga a reestruturação da dívida grega e se afirma que «é preciso reverter as políticas de austeridade que a troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) está a impor aos países em dificuldades financeiras». Claro como água.
Por cá, um governo Lucky Luke dispara mais rápido do que a própria sombra (e do que a própria Troika), para atingir, contra toda a razoabilidade, o número mágico de 5.9% para o défice no final de 2011. Tentando convencer-nos (e autoconvencer-se?) de que tudo vai mesmo correr bem. Porque não, não somos como os gregos.
É verdade: os portugueses, na sua maioria quase esmagadora, parecem estar resignados. Os gregos não. E talvez isso venha um dia a fazer toda a diferença.
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1 comments:
Quem dera que os gregos - o povo, que o governo socialista de Papandreou aceita tudo o que lhe impõem. Mas chateia-me à brava que passemos a dizer que nós não somos a Grécia - esquecendo que tanto a civilização lhes deve. - e lhes roubou - de turcos a ingleses...
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