No «i» de ontem, mais uma excelente crónica de Luís Januário.
«Pensei que podia ser útil escrever sobre a esquerda e a direita. No “Governo Sombra”, um programa da TSF, Pedro Mexia perguntou, retoricamente: “Que há de comum entre José Lello e José Mário Branco?”, querendo com isso significar o vasto leque de registos, todos eles reclamando-se da esquerda, que podemos encontrar entre os nossos contemporâneos. Implicitamente, para Pedro Mexia, e provavelmente para José Mário Branco, não faz sentido procurar o menor denominador comum entre estes dois Josés, esse quid que seria a marca da esquerda. E não pode deixar de ter significado que Pedro Mexia, tão cuidadoso na metáfora, tenha escolhido o nome José, o obscuro carpinteiro bíblico, como o nome do homem de esquerda. Zé-Ninguém, Zé dos Anzóis, o nome que depende do sobrenome e com ele adquire as inúmeras variações atribuíveis à esquerda.(…)
Voltei a perguntar, numa reunião de família. A morsa declarou que a esquerda era a consciência ecológica, menos a Helena Apolónia. O professor esquilo disse que em cada momento sabia reconhecer o que era ser de esquerda, mas a toupeira perguntou se o vinho que se servia, um Quinta de Falorca de 2004, era de esquerda ou de direita.(…)
A direita é geralmente conservadora. Mas há uma esquerda muito conservadora. E a direita que tomou o poder em Portugal é revolucionária, está a destruir o pacto social do pós-guerra e utiliza o estado para o fazer.»
Na íntegra aqui.
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