Num daqueles longuíssimos fins-de-semana de Junho do antigamente, encontrei numa esplanada do Algarve um amigo especialmente bem-disposto. Sócio de uma fábrica à beira da falência (e que faliu…), explicou-me que a alegria lhe vinha da poupança que estava a fazer nesse dia feriado: 500 contos em energia para fazer rodar as máquinas, no refeitório, em água e papel higiénico, etc., etc.
É óbvio que esta história me veio à cabeça quando se começou a falar dos benefícios de uma ½ hora adicional de trabalho. O Álvaro terá feito as contas do acréscimo de despesas?
Julgo que não, mas esta eventual poupança (para além do corte de 20% nos salários doa trabalhadores) não terá provavelmente escapado a António Costa, quando anuncia a redução do funcionamento de certos serviços da CML (não só na recolha do lixo) a quatro dias por semana (*)
Mas há algo de intrigante nessas declarações: se é afirmado que tudo isto acontecerá sem prejuízo para os cidadãos e, simultaneamente, que haverá «uma fortíssima redução» das horas extraordinárias, não é isto uma confissão de que há muitas pessoas que actualmente pouco fazem? Se uma parte da população poderá vir a trabalhar menos 20% do tempo e a mesma ou outra fará muito menos horas extraordinárias, como acontecerão os acréscimos exponenciais de produtividade, de um dia para o outro, onde se sabe que, desde sempre, o que reina é a ineficácia, a burocracia e espera de anos para resolução de pequeníssimos problemas? Ora…
(*) Aliás, há um trabalhador que a elas se refere, depois das declarações do presidente da CML à TSF.
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