Saiu há poucos dias em França um documentário do belga Patric Jean – «La domination masculine» –, que pretende demonstrar (uma vez mais…) como as sociedades continuam a ser patriarcais.
Um exemplo? No filme, mostra-se a um grupo de adultos um vídeo com um bebé de nove meses a chorar. À pergunta «Porque chora esta menina?», vem a reposta: «Ela está triste, sofre, precisa de ser consolada». Mas para «Porque chora este menino?», a história é outra: «Ele foi contrariado, quer alguma coisa, está furioso». As meninas são frágeis, podem estar tristes, os rapazes são coléricos e afirmam a personalidade.
Numa outra cena, parece que se discute a diferença entre brinquedos para rapazes e para raparigas.
Nem de propósito. Li isto precisamente ao chegar a casa, depois de uma investida frustrada para compras de Natal numa grande superfície e a verdade lá está nua e crua: o mundo cor-de-rosa de Nenucos, Barbies e Hello Kitty de um lado, os Gormiti, Spider-Men e Transformers do outro. E até o Lego passou a ser muito menos andrógino. Tudo muito mais sofisticado mas, no fundo, como há trinta anos.
Faz-se o quê? Contraria-se e dá-se só livros didácticos, globos terrestres e puzzles com paisagens? Com que efeitos práticos, para além da boa consciência, política e «feministamente» correcta?
O problema está bem a montante, mesmo ainda a léguas de distância, e é aí que tem de ser resolvido. Entretanto, «elas» safar-se-ão como nós nos safámos e pode ser que a ex-hipotética menina de nove meses venha a ter, aos 50, uma personalidade bem mais forte do que o ex-hipotético rapazinho que se transformará eventualmente num tristonho hipocondríaco a precisar de ser consolado…
Um exemplo? No filme, mostra-se a um grupo de adultos um vídeo com um bebé de nove meses a chorar. À pergunta «Porque chora esta menina?», vem a reposta: «Ela está triste, sofre, precisa de ser consolada». Mas para «Porque chora este menino?», a história é outra: «Ele foi contrariado, quer alguma coisa, está furioso». As meninas são frágeis, podem estar tristes, os rapazes são coléricos e afirmam a personalidade.
Numa outra cena, parece que se discute a diferença entre brinquedos para rapazes e para raparigas.
Nem de propósito. Li isto precisamente ao chegar a casa, depois de uma investida frustrada para compras de Natal numa grande superfície e a verdade lá está nua e crua: o mundo cor-de-rosa de Nenucos, Barbies e Hello Kitty de um lado, os Gormiti, Spider-Men e Transformers do outro. E até o Lego passou a ser muito menos andrógino. Tudo muito mais sofisticado mas, no fundo, como há trinta anos.
Faz-se o quê? Contraria-se e dá-se só livros didácticos, globos terrestres e puzzles com paisagens? Com que efeitos práticos, para além da boa consciência, política e «feministamente» correcta?
O problema está bem a montante, mesmo ainda a léguas de distância, e é aí que tem de ser resolvido. Entretanto, «elas» safar-se-ão como nós nos safámos e pode ser que a ex-hipotética menina de nove meses venha a ter, aos 50, uma personalidade bem mais forte do que o ex-hipotético rapazinho que se transformará eventualmente num tristonho hipocondríaco a precisar de ser consolado…
1 comments:
Nem mais. E é curioso que quanto mais diminuta é a faixa etária, maior é a clivagem. A começar pela ditadura das cores nas roupas, por exemplo.
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