9.12.09

No aniversário da Declaração dos Direitos do Homem















A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi assinada em 10 de Dezembro de 1948 - há 61 anos, portanto.

Entre múltiplas violações dramáticas dos referidos direitos em diversas partes do mundo, a Amnistia Internacional chama este ano de novo a atenção para a Birmânia, nomeadamente para a situação em que se encontra a líder da oposição Aung San Suu Kyi.

Trata-se de um país com uma história complexa, como o é a de todo o Sudoeste Asiático, recheada de conflitos com vizinhos e guerras com colonizadores. Os portugueses também por lá andaram, bem como os franceses, mas foi a colonização britânica que mais marcou - depois de duas guerras birmano-inglesas no século XIX e de vários episódios durante a II Guerra Mundial (onde teve já um papel determinante Aung San, pai de d'Aung San Suu Kyi), o país acabou por proclamar a independência em 1943. Em 1962, viu-se governado por uma primeira ditadura militar, com uma versão de socialismo que o levou rapidamente à pobreza.

1988 foi um ano decisivo, com grandes manifestações contra o regime, que resultaram numa promessa de eleições livres. Aung San Suu Kyi regressou ao país, fundou a «Liga nacional para a democracia» e obteve uma vitória estrondosa nas ditas eleições que acabaram por se realizar em 1990. Mas os militares recusaram a transferência do poder e mantiveram-na em residência fixa até 1995. Libertaram-na então mas durante pouco tempo já que, nos últimos vinte anos, «a senhora», como é carinhosamente tratada pelos seus conterrâneos, Prémio Nobel da Paz em 1991, esteve detida ou com restrições de movimentação durante catorze.

Presa pela última vez em Maio de 2007, está neste momento a cumprir um acréscimo de pena de residência fixa durante dezoito meses, havendo no entanto uma muito leve esperança de que seja liberta a tempo de participar na campanha para as eleições que terão lugar em 2010, mesmo que sem esperanças de vitória. (E mesmo que esta viesse a acontecer, Aung nunca poderia assumir a chefia do governo, já que uma alteração à Constituição estabelece agora que o cargo seja ocupado obrigatoriamente por um militar.)

Soube-se no passado dia 4 que o Supremo Tribunal da Birmânia decidiu ouvi-la no dia 21 deste mês (depois de, em Outubro, ter rejeitado fazê-lo), segundo se crê como consequência da pressão internacional. E teve ontem, 9 de Dezembro, o terceiro encontro, desde o início de Outubro, com membros da Junta Militar.

Repito o que já aqui foi dito: Acabam de ser lançadas várias petições online, como por exemplo esta e uma outra no Facebook, da Amnistia Internacional, que apela para a sua libertação bem como dos outros mais de 2.100 outros presos políticos em Myanmar. Não custa nada assinar e é o mínimo - e infelizmente também talvez o máximo – que podemos fazer.


Esta é a primeira de um post que acabo de publicar nos «Caminhos da Memória» – demasiado longo para o formato deste blogue.

3 comments:

Jorge Conceição disse...

Uma dúvida de carácter técnico: desde o seu primeiro post sobre Aung San Suu Kyi (em 4 de Dezembro)até hoje, só foram colocadas assinaturas de portugueses no primeiro dos documentos "linkados", ao contrário do do Facebook, que tem vindo a crescer com assinaturas de várias nacionalidades. Acho estranho que durante uma semana apenas o primeiro dos documentos só seja subscrito por nossos compatriotas. Pergunto: haverá algum problema técnico de ligação, ou os redatores tê-lo-ão retirado sem que o saibamos?

Joana Lopes disse...

Já tinha reparado, ontem, que tinha poucas assinaturas - não que fossem só de portugueses. Vou tentar averiguar, mas retirado não deve ter sido.

Joana Lopes disse...

Mais curioso ainda: é a partir da minha assinatura (nº 126) que só há portugueses...

Estas coisas começam a funcionar mais no Facebook, julgo.