Lembro-me sempre disto quando chega o 8 de Dezembro. Revejo a cena, algures não muito longe da praia da Polana, num pavilhão ao ar livre que servia de sala de aula ao que hoje seria a pré-primária, com um calor absolutamente abrasador de um Verão moçambicano.
Foi aí que tive o primeiro choque religioso de que guardo lembrança, quando percebi, já nem sei bem como, que só havia uma Nossa Senhora e não duas, tão diferentes que me habituara a vê-las! A da Conceição sempre me tinha parecido mais bonita do que a outra porque tinha aos pés muitos anjinhos e não umas pobres alpercatas, pairava nas nuvens e não em cima de uma árvore mais ou menos raquítica, marcava no calendário o dia da mãe (e a minha até se chamava Conceição…) e devia ser mais importante porque dava direito a um dia com praia e sem escola.
Mais ou menos inconscientemente, julgo que achava mais do que normal que uma criança que tinha dois pais, não ficasse atrás no que às mães dizia respeito. Crenças em bicefalismos antes de tempo...
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