16.10.16

Vicente Jorge Silva



Num Público cada vez mais indigente, saúde-se o recente regresso de Vicente Jorge Silva: sempre é alguém que nos recorda melhores tempos e esperanças de jornalismo decente.

«Remar contra a maré», diz ele hoje.

«Até que ponto as preocupações sociais traduzidas no Orçamento do Estado para 2017 — apesar do gradualismo na eliminação da sobretaxa do IRS ou no aumento das pensões, por exemplo — irão sobreviver ao anémico crescimento económico interno, aos constrangimentos externos e, sobretudo, à doutrina austeritária germânica que continua a governar a Europa? Eis talvez a questão mais relevante que se poderá colocar ao exercício de equilibrismo orçamental de Mário Centeno, tão difícil de digerir — e aparentemente tão mal gerido até António Costa ter regressado da China — pelos parceiros do Governo socialista (sobretudo pelo PCP).

Presume-se que terá sido a inesgotável habilidade política do primeiro-ministro que permitiu desatar o nó da corda esticada na maratona negocial de sexta-feira, embora se presuma que ondas revoltas poderão ainda levantar-se durante o debate na especialidade até à votação final do Orçamento. Mas mesmo com todo o génio de sobrevivência de Costa, persiste o milagre em suspenso da sobrevivência do Governo, entalado entre as exigências dos seus parceiros de esquerda e as imposições de Bruxelas e Berlim. Até quando — e como?

Mergulhada numa crise existencial sem precedentes, abalada pelo “Brexit” e as derivas populistas que a atravessam de Budapeste e Varsóvia a Paris, a Europa parece incapaz de encontrar um caminho reunificador. E a nossa fragilidade económica, a nossa condição periférica, tendem a expor-nos cada vez mais aos ditames erráticos e suicidários dessa Europa que perdeu o rumo. Basta ver o destino trágico da Grécia — e a humilhação e impotência com que se confronta o Syriza — para interiorizarmos os temores do desconcerto europeu.»

Na íntegra AQUI (acessível em janela privada de qualquer browser). 
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