22.10.16

As máquinas que paguem as nossas reformas?



O reitor da Universidade de Coimbra considera que as máquinas devem passar a contribuir para a Segurança Social. Disse ele que «Existe uma motivação económica enorme para a substituição de uma pessoa por uma máquina. Devia, pelo menos, haver neutralidade fiscal. Pelo menos nos casos em que objetivamente a máquina substitui a pessoa», «Não sei porque é que a máquina que substituiu as pessoas na portagem da autoestrada não paga taxa social única».

A sugestão não foi bem acolhida pelo ministro da Segurança Social e com toda a razão. Cada um é livre de dar asas à imaginação, mas olho para o meu telemóvel e imagino-me a pagar TSU porque deixou de haver telefonistas a quem se pediam chamadas. Ou para a máquina de lavar roupa que dispensou as lavandeiras de Caneças. Claro que estou a exagerar, percebo que não era exactamente nisso que o magnífico reitor estaria a pensar, mas chutar para canto não ajuda a resolver as consequências dos progressos tecnológicos e da globalização.

Por exemplo, tenha-se a ousadia de onerar, em termos de contribuição para a Segurança Social, empresas muito lucrativas mas que criam um número reduzido de postos de trabalho, sem que isso tenha a ver com o facto de usarem mais ou menos máquinas. Mas deixe-se estas em paz e a cumprirem a sua missão.
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