9.11.14

Berlim, 25 anos – a festa, mas não para todos



Um quarto de século, que passou depressa, com grandes sobressaltos e muitas esperanças por cumprir. Mas comemore-se e festeje-se hoje, obviamente, a destruição de um barreira que, durante 28 anos, cortou uma cidade e separou pessoas e famílias, provocou mortes. Como se os problemas entre seres racionais pudessem ser resolvidos com amontoados de pedras.

Há textos, relatos, fotografias, vídeos um pouco por toda a parte. Mas talvez escape a muitos este texto publicado no Avante!A chamada «queda do muro de Berlim» – e creio que deve ser conhecido.

Se o PCP não fosse o que é, celebraria a data e, do seu ponto de vista, aproveitaria para sublinhar que o capitalismo não foi capaz de satisfazer as esperanças que nasceram com a queda do muro e com o que esta representou. Em vez disso, pariu uma catilinária, nostálgica e lamentável, num texto que até podia ser considerado humorístico, como um amigo o classificou no Facebook, se o humor negro fosse o estilo da Soeiro Pereira Gomes e se não estivéssemos a falar de coisas tão sérias.
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7 comments:

Victor Nogueira disse...

porque se comemora e /ou se refere a queda deste muro e se silenciam outros, como os de Schengen, EUA/México e o israelita na Palestina, sem esquecer esses "invisíveis" que são a pobreza e o desemprego ?

Joana Lopes disse...

O facto de existirem outros muros impede que se assinale a data em que um foi derrubado? Ou era melhor que este ainda estivesse de pé?

Já falei de outros muros, neste blogue, por exemplo aqui. Não me sinto obrigada a fazê-lo hoje.

Victor Nogueira disse...

Joana, apenas reflecti em voz alta. Não sobre o teu post, mas sobre a autêntica "varredura" que os meios de comunicação social fazem, ao pé dos quais o "Avante" é uma gota de água. É evidente que se pode criticar o PCP do modo como tentará remar contra a maré. Mas a queda do Muro de Berlim não significou o fim da história nem trouxe o paraíso para os "amanhãs" capitalistas que são cada vez mais negros, tanto mais quanto menos formigas sairem dos carreiros. "Eles" comemoram as quedas da Comuna de Paris, da Revolução Mexicana, da URSS e do Muro de Berlim. Os povos e a Humanidade não comemoram as suas próprias derrotas, aprendem com elas, para que celebrem as suas vitórias e não as “deles”

Joana Lopes disse...

De acordo, Victor. Mas isso não justifica um texto oficial do PCP como o que está em questão.

almada disse...

E é esta "esquerda" roufenha e velha, sempre pronta a fazer cedências à direita e ao capital que vem juntamente com a direita mais pestilenta comemorar a queda do muro que levou a que se erguessem milhares de muros que impedem milhões de pessoas de ter trabalho, educação, saúde, habitação e paz.

Que "esquerda" mais triste e velha!

A.Silva

Pinto disse...

Obrigada, Joana, por "apontares" o excelente texto do Avante. Derrubemos, sim, os muros "invisíveis" e então teremos razões para comemorar.

Eduardo Baptista disse...

Sim Joana. "O facto de existirem outros muros (não) impede que se assinale a data em que um foi derrubado?". De facto não impede. Mas, se quisermos pensar, libertos dos muros dos nossos preconceitos, aproveitaríamos o derrube de um muro para mostrar o que isso significou. Significou, de facto, para além de muitas outras coisas, o abrir o caminho para se poderem construir muitos outros muros. Não me refiro apenas aos muros já citados em Gaza e nos outros locais todos, mas também aos muros que tornaram este muito muito mais injusto e separaram ainda mais os muito ricos dos que são mais e cada vez mais pobres. A queda do muro de Berlim foi também isso que significou. Tal como significou o caminho aberto para todas as guerras que se sucederam, essas muito mais violentas e que seriam impossíveis no tempo do muro e da contenção que esse "muro" fazia ao imperialismo hegemónico. Depois da queda do muro, o mundo tornou-se muito pior para quem trabalha e muito melhor para quem explora, os multimilionários que alargaram as suas riquezas a noutras fronteiras, roubando-as aos povos que foram submetidos pelos muros dos mísseis e bombardeamentos.