14.11.14

Cavaco, a caminho do fim



Vasco Pulido Valente, no Público de hoje: 

«O dr. Cavaco está velho e está no fim da sua carreira política. Gostava, por isso, de sair suavemente, com a benevolência do país, com muitas palmas, mas sobretudo sem sarilhos. A ambição dele é voltar para o Algarve e receber discretamente alguns notáveis que não o incomodassem muito.

Se marcasse eleições para a Primavera, este plano idílico ia por água abaixo. O PSD e o CDS protestariam. Provavelmente, não haveria uma nova maioria e, apesar das promessas, ele teria de aceitar um governo minoritário que poria a oposição, qualquer que ela fosse, em constante tumulto. Pior ainda: numa situação dessas ele com certeza não escapava às críticas da esquerda e da direita e dos tresloucados que por aí andam, convencidos que vão ser importantes. Em vez de paz, deixaria um motim. (...)

Em Setembro ele já não poderá dissolver o Parlamento, mesmo que o resultado seja catastrófico e Portugal se torne numa aldeia de macacos; esfregando as mãos ele dirá, e com razão, que nada é já da sua conta e deixará uma herança confusa ou catastrófica, mas nunca da sua imediata responsabilidade. Quem cá ficar que se arranje, enquanto ele, da sua merecida reforma, contemplará com equanimidade e deleite as desordens da Pátria.»
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