3.7.14

A austeridade comeu o peru



Vai-se tornando tão fastidioso insistir linearmente nas consequências nefastas da acção deste governo, que nada melhor que recorrer a imagens fortes, como Fernando Sobral o faz hoje, no Negócios.

«António Teixeira de Vasconcellos, grande jornalista do século XIX, foi um mestre da ironia. Falido, devia a toda a gente. Um dia um credor descobriu-o em casa a comer um enorme peru. Não conteve o desaforo: "Então V. Exª não me paga e come peru?"

Ao que Vasconcellos terá respondido: "Oh, homem, que quer! O peru morreu de fome". Portugal assemelha-se demasiado a um peru: morre de fome e o Governo proclama que está musculado e espadaúdo.

O fogo-de-artifício organizado pelo Governo para celebrar mais uma descida da taxa de desemprego, o que levou Passos Coelho a dizer, sem se rir, que "agora apostamos tudo no crescimento e no emprego", mostra a fundação intelectual do regime. (...) Triste peru: a taxa de desemprego desceu, mas os empregos a tempo inteiro evaporaram-se. (...)

Portugal está a tornar-se um país pobre e velho. E agora o Governo acena com políticas de emprego e com um piscar de olhos ao talento de estrangeiros que queiram descobrir aqui um El Dorado. É tarde. A austeridade comeu o peru. E agora só restam ossos.» 
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