Os jornais e as redes sociais estão hoje inundadas por biografias e poemas de Sophia de Mello Breyner, por ocasião do 10º aniversário da sua morte e, sobretudo, porque o seu corpo será transladado esta tarde para o Panteão.
Poucos a recordam como resistente à ditadura, que foi durante décadas, até ao 25 de Abril. Nunca recusou uma presença, uma assinatura, uma voz, normalmente integrada no universo dos chamados «católicos progressistas».
Ligada durante décadas ao Centro Nacional de Cultura e à sua direcção, foi candidata pela oposição (CEUD) às eleições legislativas de 1969 e, um ano antes, escreveu um poema que muitos cantam mas poucos sabem ser de sua autoria: a Cantata da Paz, «estreada» por Francisco Fanhais numa Vigília contra a guerra colonial, na passagem do ano de 1968 para 1969 (onde Sophia esteve obviamente presente).
Vale a pena ouvi-la, em 1968, no início do marcelismo, sobre as condições de vida em Portugal, em entrevista que deu juntamente com o marido, Francisco Sousa Tavares:
Sophia passava bem sem ir para o Panteão – detesto a ideia e o que ela simboliza. Mas, já que vai, que estas memórias da resistência sigam com ela.
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1 comments:
Com discursos do Cavaco e da Assunção Esteves como pano de fundo, receio bem que o nosso conceito de homenagem já tenha conhecido melhores dias: o cheiro a mofo ia de braço dado com a hipocrisia das "figuras de Estado".
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