«Está implantada entre a bolha político-mediática a ideia de que o Governo está em campanha eleitoral. Faz sentido, seja por causa do “pecado original” da legislatura, seja pela forma como a governação decorre.
E que pecado é esse? Uma escassíssima maioria parlamentar (PSD e PS estão na verdade empatados no Parlamento) a que acresce um partido à direita que ninguém convidará para jantar. Ou seja, este parece de facto um Governo a prazo.
Também por causa disso, mas não só (houve compromissos eleitorais que estão simplesmente a ser cumpridos), a governação faz-se de anúncios simpáticos. Os professores vão começar a recuperar o tempo de serviço congelado (e os salários) nos próximos dias, e ainda se anuncia um subsídio até 300 euros para quem dê aulas longe de casa. As forças de segurança vão começar a receber o subsídio mensal de risco de 300 euros (400 no próximo ano, ou seja mais 4600 por ano no salário). E os pensionistas receberão um subsídio extra de 100 a 200 euros.
Dir-se-á que Luís Montenegro recebeu cofres cheios de António Costa e uma razoável margem de manobra (por via dos excedentes orçamentais) e que se pode dar ao luxo de distribuir alguma coisa por tantos.
Uma estratégia que só funcionará no curto prazo. Os problemas na Justiça, na Educação ou na Saúde não se resolverão com a distribuição de subsídios e prebendas. O desenvolvimento económico que permita salários decentes leva tempo, esforço e investimento. E ainda que o diabo não esteja à espreita, os tempos são de incerteza económica global e de ameaças geoestratégicas.
Com este Governo, a primavera foi alegre e o verão caloroso, mas estão à porta o outono e o inverno, os reais e os metafóricos. Nessa altura se fará o teste do algodão. Quanto à duração do Governo e, se durar, quanto à sua capacidade de ir além da distribuição da herança socialista.»
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