«Nos tempos que correm, os líderes políticos cumprem uma regra de ouro para estar no poder, a de abdicar do discurso ideológico que os fez lá chegar. O poder está transformado num exercício de despojamento das convicções, em nome desse bem maior que é governar. Argumentam estes líderes, em Portugal e lá fora, que esta metamorfose é feita em nome do interesse nacional. (...)
Urge recolocar a ideologia no centro do debate. Por duas ordens de razão. Primeiro, porque as políticas, enquanto práticas ideológicas, devem colocar-se (no mínimo) num plano de igualdade face ao poder financeiro, que se consubstancia naquela entidade etérea chamada mercados. Segundo, porque as sociedades sem debate ideológico tornam-se amorfas e acabam por desprezar os valores mais elementares da natureza humana.
A crise económica e financeira que se tem vivido em Portugal resulta, em boa parte, dessa falta de doutrina e da displicência com que se olha para o futuro. (...) O empobrecimento de Portugal também tem passado por aqui. Pela falta de ideais e de visão do futuro dos líderes que têm exercido o poder.»
Celso Filipe, no Negócios de hoje.
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