27.4.11

Unidos pelo medo


À hora em que se realizaram os «festejos» do 25 de Abril em Belém, já tinha saído de casa e só regressei quase à noite. Não vi nada, só fui ouvindo, mais tarde, excertos das charlas dos quatro PR’s e opiniões de duzentos e vinte e três comentadores. Com uma estranha sensação de incómodo, que encontrou eco em parte de um texto de João Paulo Guerra, que li agora no Económico.

Uniram-se e querem-nos unidos pelo medo, numa fuga para a frente, esquecendo que o medo não é bom companheiro. Sobretudo quando sabem que, logo a seguir, pode estar mesmo um inevitável abismo.

«Num bizarro 25 de Abril coincidente com a Páscoa, no condomínio fechado de Belém, um actual e três ex-Chefes de Estado que no passado disseram cobras e lagartos uns dos outros, concordaram num apelo à unidade dos portugueses e dos partidos políticos para que, unido, o país percorra mais uma via-sacra e se deixe crucificar pelo FMI e - pior ainda, como agora se vê - pela Comissão Europeia. (…)

Esta estranha unidade presidencial que uniu em Belém forças pró e anti-bloqueio, para chegar a um entendimento por uma vez na vida foi preciso ver o país e os portugueses com uma corda ao pescoço. E então uniram-se e apelaram à unidade para que todos concordem em apertar voluntariamente a corda mais um bom bocado.»
.