António José Seguro afirmou ontem que «o PS vai entregar ainda este ano uma proposta para reduzir o número de deputados na Assembleia da República».
Deu como motivos conseguir «uma maior proximidade entre eleitos e eleitores e uma menor dependência dos eleitos face às direções partidárias». Não entendo nenhum dos argumentos: não vejo por que razão os futuros 6 ou 7 deputados de um distrito estariam mais perto dos cidadãos do que os hipotéticos 10 actuais, nem por que seriam menos dependentes das direcções dos seus partidos. Talvez muito pelo contrário.
Sabendo-se que «Portugal já tem hoje o menor número de deputados por habitante de todos os países da Europa Ocidental», a que se deve esta «tirada» do líder do PS, em Alenquer?
AJS não nasceu para a política ontem e, apesar de aparentar o contrário, ingénuo é que está longe de ser. Sabe certamente o que é demonstrado sempre que esta discussão renasce das cinzas: diminuir a número de deputados prejudica a representação dos partidos mais pequenos (porque há mais votos «desperdiçados», que não chegam para eleger mais um), com a consequente concentração nos maiores – no caso vertente, nos nossos dois partidos do centrão.
É isso que o PS pretende? É bem possível: seria bem mais fácil ser a «grande esquerda» (quase) sozinho.
P.S. – Depois de publicar este post, vi que o Vítor Dias já tinha abordado o mesmo tema.
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8 comments:
Cara Joana Lopes
Não deixa de ser triste ver o principal partido da "oposição" distrair-se com questões secundárias, quando há tanto para fazer...
Abraço
Joana, concordo, essas são as questões. E uma pitada de populismo às vezes dá um jeitão...
Todos pedem menos:
Menos estradas, menos escolas, menos maternidades, menos fundações, menos aeroportos, menos TGV, menos juntas de freguesia...e se matassemos alguns dos tantos presidentes da República?
Sugiro acesso ao site do PS, a denunciar o vómito causado por um tal anúncio, nas actuais circunstâncias.
Fiz link
O atual sistema político está assente numa representatividade difusa em que um deputado presta contas aos seus dirigentes partidários e não aos eleitores que alegadamente o elegeram. Só este facto, com todas as implicações associadas (algumas das quais nos trouxeram até aqui), seria suficiente para estarmos abertos a analisar e rever os princípios que regem o atual sistema eleitoral. Surpreendentemente, os que mais o parecem contestar são os que assumem agora posições mais defensivas quando se pretende, pelo menos, discutir uma das bases fundamentais do nosso sistema eleitoral e político.
são demais!basta !150 fazem o mesmo trabalho!ou alguem tem medo de perder previlégios?
Caro Anónimo, quer só deputados do PSD e PS, é isso?
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