«"Belém informa que Marcelo Rebelo de Sousa foi ao Hospital São Francisco Xavier depois de falar com ministro da Saúde". "O Presidente Marcelo passou a noite com os sem-abrigo em Lisboa." Marcelo está em todo o lado. Já lhe pus a alcunha de Omnipresidente.
Conhecido como o "Presidente dos afectos", Marcelo aparece onde há tragédia ou infelicidade. Esta semana, quando vi Marcelo ir passar a noite com os sem-abrigo, fiquei a pensar se ele não iria lamentar que aquela caixa de cartão, onde vivia um sem-abrigo, tinha pouca luz para ler.
Como o nosso Presidente dorme pouco, e lha dá a insónia, lá vai ele durante a noite fazer o bem e, com ele, vai sempre uma equipa de televisão, seja a que horas for. Marcelo ainda não percebeu que as pessoas que trabalham na TV precisam de dormir mais de três horas por dia ou ficam com má cara. O nosso Presidente Marcelo já vai nos 99,99% de popularidade. Os 0,01 são os "cameramen" das televisões.
Atenção, não duvido da bondade de Marcelo e acredito que, para um sem-abrigo, passar a noite com Marcelo é melhor do que passar o lusco-fusco com Cavaco, mas dá a sensação que o Presidente Rebelo de Sousa recebeu milhares de cheques, daqueles de A vida é bela, mas no sentido oposto. Em vez de uma massagem oriental, é "venha experimentar ser mendigo 48 horas". Não vai andar de balão no Alentejo, mas vai ver um avião despenhado num minimercado. Em vez de uma ida ao Oceanário, vai espreitar doentes com legionella por detrás de um vidro. É triste.
Também estou certo que, em termos de beijos, o nosso Presidente já deve estar no Guinness Book. Marcelo já beijou mais gente numa semana do que o Harvey Weinstein em toda a carreira de produtor.
Para o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, é sempre a aviar, como se fosse na farmácia, mas com beijos de marca (não genéricos). O mesmo para as respostas a jornalistas e pessoas em geral. Já nos velhos tempos na TVI era assim. A Judite sacava de perguntas e ele, pumba, aviava, não um beijo, mas uma resposta rápida, que durava exactamente o mesmo tempo, quer o tema fosse o sentido da vida ou a carreira do Sporting de Braga. Houve tempos em que pensei que o próprio Professor Marcelo escrevia as perguntas da Judite, e das cartas que lhe mandavam, e passava a noite acordado a decorar as respostas. Na altura, o meu sonho era conseguir pôr, lá pelo meio, uma pergunta sobre o tempo de gestação de um rinoceronte. Só para ver se o Professor Marcelo não patinava pela primeira vez. Já agora, fiquem a saber que o tempo de gestação de um rinoceronte são 16 meses se tudo correr bem. Mas, se interromperem a gravidez, aos seis meses podem ter um cágado.
Chego ao final da crónica como uma sugestão. Para o ano, em vez de um dia sem carros, podíamos experimentar um dia sem Marcelo. Fica aqui a ideia.»
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