27.1.11

Solidariedade

...
Através do João Bernardo, do Passa Palavra, cheguei a esta notícia.

«Um grupo de cantores, entre os muito conhecidos na música portuguesa, juntou-se para interpretar esta canção de apoio à não extradição de Cesare Battisti. Pela Comissão de Apoio a Cesare Battisti (Portugal)

Veja aqui o “video-clip” desta canção - com letra de Manuela de Freitas e José Mário Branco, e música de José Mário Branco - com a qual se pretende chamar a atenção para o caso de Cesare Battisti, preso no Brasil há quase 4 anos e ameaçado pelo Supremo Tribunal Federal de ser entregue ao governo italiano.»

“Hoje Battisti, amanhã tu”





CESARE BATTISTI
CESARE BATTISTI
QUE JUSTIÇA É ESSA?
PORQUÊ TANTA PRESSA?

CESARE BATTISTI
É POR MIM E POR TI
P’RA TU ESTARES CALADO
QUE ELE É EXTRADITADO

Mas quem é que manda nesse Brasil?
E quem é que julga o falso juiz?
História mal contada
Propagandeada
Quem ouve o que ele diz?
Quem vai ouvir o que ele diz?

(ao refrão)

Para ser exemplo a quem bate o pé
E se calhar nem sabes quem é
História tua
Fechar a rua
E calar o banzé
E assim calar o banzé

(ao refrão)

Quem é esse homem nessa prisão?
Crime inventado, ou opinião?
Se não fazes nada
Espera p’la pancada
À tua porta baterão
É à tua porta que baterão

(ao refrão)
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8 comments:

Pedro Argenti disse...

Como versa o ditado brasileiro, "que são brancos, que se entendam". O caso Battisti é triste não somente pela história desse homem (que será sempre contada de um jeito diferente, dependendo da boca que conta). O caso Battisti é triste porque estamos falando de uma condenação suspeita, para dizer o mínimo, à prisão perpétua com privação de luz solar num país membro da União Europeia, vizinho do berço da civilização, dos signatários fundadores da declaração universal dos direitos humanos. Nesses momentos, em que um país como a Itália promove a justiça que prefere promover a despeito do que os seus vizinhos e pares mais próximos pensam, é que vemos a debilidade dessas instituições europeias. Bom, daí o mais fácil é exportar a responsabilidade para uma das antigas repúblicas de bananas e esperar que se promova a justiça. Os franceses, membros da vossa comunidade, não foram afrontados pela sua decisão de se livrarem a bomba Battisti. E mais, se formos atrás da informação, veremos que há cidadãos italianos procurados pela justiça italiana refugiados por todas as partes, pelo Japão, por toda Ásia, nos Estados Unidos.

Pois que remetam Battisti de volta à Itália e que a Itália escolha fazer o que bem entende. As instituições já estão numa crise danada naquele país, vide a infame ligação do primeiro-ministro Berlusconi ao programa de fofocas da única emissora de TV que não pertence a ele.

Acho que se os europeus estão insatisfeitos com a decisão da justiça brasileira, que intervenham no nível comunitário. Será que para ser membro da UE basta apenas ter boas contas garantidas pelo Goldman Sachs? Esqueceram dos direitos humanos? Depois somos nós, latino-americanos, os sanguinários, ditadores, assassinos. Me poupe.

Joana Lopes disse...

O que está em causa é uma pessoa e não um despique entre continentes. Era o que faltava!

Pedro Argenti disse...

Mas justamente Joana. Trata-se de uma pessoa europeia que é vítima do charlatanismo político europeu. Resolvam o problema vocês. Nós não éramos os subalternos até a semana passada?

Joana Lopes disse...

A sua posição é insuportável porque o mundo é só um. Se amanhã estiver em causa um brasileiro com problemas semelhantes num outro país, espero que não apareça ninguém a defender que seja extraditado.
E essa «superioridade» do colonizado...

Pedro Argenti disse...

Joana, não vamos nos precipitar. Eu não me pronuncio sobre a autenticidade da justiça italiana em julgar o Battisti como criminoso comum ou não. Claro que, dadas as circunstâncias, o governo italiano será o último a reconhecer o caráter político dos crimes cometidos por Battisti. E infelizmente sabemos que a justiça de todos os nossos países nunca se promove a despeito da política.

O mundo é um só e o Battisti antes de tudo é uma pessoa, só que o mérito não é esse. Não é, porque nunca é, o que é uma verdadeira pena. O mérito são os titãs das justiças e burocracias, e tendo em vista que nossa vida depende dessas pragas não podemos desconsiderar que a competência e responsabilidade sobre o destino de Battisti está muito mais nas mãos de vocês, que nas nossas. Vocês deviam estar preocupados em unificar os seus judiciários (e não só isso, mas as suas previdências, seus tesouros), e assim evitar que esses episódios infames ultrapassem as suas fronteiras comuns.

Eu não admiro nenhum pouco o modo como a justiça, o governo e a imprensa na Itália estão procedendo. Mas estou satisfeito com a decisão do STF brasileiro. Que a reparação seja promovida justamente no local em que compete. Justiça tem que ser justa em qualquer lugar do mundo, ora bolas.

Joana Lopes disse...

Pedro,
Você tem uma ideia «poética» da Europa: isto é uma manta de retalhos...

Pedro Argenti disse...

Está na hora de costurar.

Clarissa de Baumont disse...

pois o processo de estradição no Brasil é complexo e o presidente dá a última palavra. em dez/2010, foi negada, sob os argumentos de cartas públicas e manifestos firmemente contrários à extradição. o STF, em acórdão de dezembro de 2009, confirmado em abril de 2010, reafirmou (por cinco votos contra quatro) que a palavra final no processo de extradição cabe exclusivamente ao presidente da república.

apesar de tudo, a república das banans preocupa-se mais constitucionalmente com a preservação dos direitos humanos que a vizinhança além-mar. ainda que haja problemas nacionais, tenho convicção de que não sejam significativamente maiores que os de primeiro mundo.

porque o que há aqui são pessoas sensíveis e solidárias umas com as outras, há muito disso. e essas pessoas manifestam-se em prol da dignidade. acadêmicos, professores, advogados e outros membros da área jurídica promovem a defesa de Battisti por aqui.

europeus, vcs deveriam exigir a consistência das provas para a extradição de Battisti, por exemplo. deveriam clamar ao governo vizinho que mostre algo além de brados. em vez de criar uma música ao supremo tribunal brasileiro, criem antes uma aos seus supremos, aos ministros dos países-membros da UE, por exemplo.