20.7.13

Justo e mais do que oportuno

Há 44 anos, andou-se na Lua



Esqueçamos as angústias mais ou menos insignificantes excepto neste minúsculo rectângulo para recordarmos que foi num 20 de Julho que Neil Armstrong saiu do Módulo Lunar e pisou a Lua. Logo a seguir, com uma pequena máquina fotográfica, mostrou ao mundo o que ia vendo e disse uma frase que viria a ficar célebre: «É um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade». 

Já era madrugada em Portugal, mas mesmo as crianças ficaram acordadas até às tantas para não perderem o espectáculo da concretização de um sonho – ver alguém a andar naquela enorme bola brilhante. Quem assistiu não esquece. Não foi ontem mas quase.




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Here we go



Do tal texto de The Economist, hoje largamente referido:

«The president’s aim was to give investors and Portugal’s lender – the “troika” of the EU, IMF and European Central Bank – some guarantee that the mainstream parties, supported by about 80% of voters, remained committed to the country’s bail-out programme and that future governments will stick to fiscal discipline. Yet the danger is that, after prolonging Lisbon’s political crisis for a few more weeks, it could produce nothing at all, leaving the country as it was: ruled by an unstable coalition and facing the threat of a snap election with unpredictable results.

Portugal’s borrowing costs have surged, and the latest central-bank forecasts suggest that the economy will barely recover in 2014 after three years of deep recession. (...) This forecast is hardly likely to strengthen confidence in Portugal, Greece or across the wider euro zone that austerity is working. Nor will it support the fond hopes in Brussels that Portugal was safely pulling away from Greece and would follow Ireland by getting out of its bail-out programme. Just now, neither country looks anywhere near ready for graduation.»

Na íntegra aqui.
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À espera sabe-se lá de que Godot



Nove dias separaram a semicriptada comunicação de Cavaco Silva ao país e a noite em que se soube que o arco da governação tinha rasgado, não o Memorando, mas o rascunho da Salvação Nacional.

Feitos parvos, passámos mais de uma semana a seguir os passos de jornalistas que filmavam entradas e saídas de membros de delegações partidárias, fixavam horas e minutos, faziam perguntas a que já sabiam não ir ter respostas e recebiam finalmente, como um maná, comunicados de duas linhas em que não era dito absolutamente nada. Mais valia que as três delegações partidárias tivessem ido para as Selvagens e lessem comunicados às cagarras. 

Até que ontem, à hora nobre dos telejornais, António José Seguro quebrou o tabu e pôs fim à primeira série da telenovela. A segunda teve início imediatamente, com tudo o que é comentador a consultar os búzios para adivinhar os planos de Cavaco (espera-se que os tenha, mas nunca se sabe...). Tudo bem, primeira vitória: não há acordo.

Mas agora, PS? Não sendo de esperar que António José Seguro toque à campainha da sede do Bloco de Esquerda na Rua da Palama, nem que mande um mensageiro à Soeiro Pereira Gomes, resta ao PS, como é óbvio e já reafirmou ontem, lutar por uma maioria absoluta, orgulhosamente só (embora esperando recorrer a acordos de incidências várias, se necessário). É praticamente garantido, e eu assim espero, que isso aconteça no dia do nunca: maiorias absolutas, não muito obrigada! Nunca mais - jamés, como diria o tal outro.

Assim sendo: aconteceu algo de novo nestes últimos dez dias? O quê exactamente?
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19.7.13

A vingança de Cavaco?



Agora que o PS acaba de anunciar que não haverá acordo tripartido, estão abertas as apostas para saber qual será a vingança de Cavaco Silva – António José Seguro e o PS que se cuidem. Qualquer que seja a decisão, ou decisões, do presidente da República, serão eles os principais visados a curto ou a médio prazo. 
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Acordos que interessam

Sonho de uma noite de Verão



Esta noite sonhei que havia um milhão de portugueses, que manifestava nas ruas. Comecei por não perceber se protestavam contra ou a favor do acordo de Salvação Nacional. Acordei e vi que as ruas estavam desertas. Portugal não é a Grécia. 
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Adoro o cheiro a salvação nacional pela manhã



Adoro o cheiro a salvação nacional pela manhã. (...) De surpresa em surpresa, o PS aceitou ir conversar com o "governo" (ao mesmo tempo votava pela queda do "governo") para o tentar salvar. Seguro fez o papel do indivíduo, que vive num monte isolado, a quem levam tudo o que juntou até agora, porque apareceram uns senhores de gravata que lhe disseram que aquilo não valia nada porque ia acabar o Euro.

O PS juntou-se ao PSD, e ao CDS, para, numa semana, resolver todos os problemas do país. Eu convencia-os a ficar a trabalhar no fim-de-semana para resolver a fome em África, o conflito na Síria e apanhar de vez o touro fugitivo de Viana do Castelo. Uma coisa é certa, se isto correr bem podemos exportar salvação nacional. (...)

No meio do caos, o PR resolve ir fazer um cruzeiro à Macaronésia. Não dava para mudar. Já estava marcado. É uma quadragésima segunda lua-de-mel e o nosso PR não tinha coragem de chegar a casa e dizer: "Querida, afinal ainda não é este ano que te levo para uma ilha isolada, só eu e tu; e a minha comitiva". Podem chamar-me Velho do Restelo (só uma vez), mas tenho dificuldade em aceitar esta viagem do PR às Selvagens. Segundo ouvi dizer, uma das razões da pernoita do Presidente da República nas Selvagens está relacionada com a velha disputa territorial com Espanha. Mais uma razão. Se é uma questão territorial bastava fazer chichi em tudo o que é poste nas Selvagens, escusava de lá ficar a dormir.

A minha noção de Salvação Nacional leva-me a deixar aqui uma ideia: podíamos poupar 80 mil euros se a viagem de Cavaco fosse só de ida (vai custar 160 mil euros). Dizemos que fazia parte do corte de 4,7 mil milhões no estado. Uma grande caminhada começa sempre com um pequeno passo.» (O sublinhado é meu.)

João Quadros
O link pode só funcionar mais tarde.
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18.7.13

A longa espera


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Salvação salvadora



Ricardo Araújo Pereira, na Visão de hoje, lendo as pisadas de Cavaco:

«Entretanto, e como seria lógico numa altura destas, Cavaco foi visitar as ilhas Selvagens. É uma actualização divertida do conhecido inquérito de Verão: em vez de "que livro levaria para uma ilha deserta?", "que sarilho levaria para uma ilha deserta?". O Presidente escolheu a salvação nacional e é uma opção ajuizada.»

Na íntegra AQUI
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Isto é tão bom!

Cowboys sem índios



«Os filmes de cowboys ensinam-nos muito sobre os políticos portugueses. Muitos julgam-se pistoleiros capazes de, sozinhos, imporem a sua noção lei e a ordem, outros encostam-se à parede para não ser abatidos pelas costas, alguns querem monopolizar a criação de gado.

Não há um xerife à vista que traga paz e perspectivas de futuro a este sucedâneo de OK Corral. A grande discussão sobre a "salvação nacional" é por isso um jogo de "saloon" com cartas marcadas. Ninguém quer ser acusado de trapaceiro e ninguém quer perder os ganhos adquiridos. Para quase todos, um acordo significa um suicídio político. E os partidos e os líderes não foram criados para isso. (...)

Não havendo já índios para culpar do desastre das contas públicas nos últimos dois anos e do empobrecimento e destruição da economia interna, que resta a PS, PSD e CDS? Fingirem um acordo? Renegarem o seu suicídio político? Todos estão entre a lâmina afiada e a parede.»

Fernando Sobral
O link pode só funcionar mais tarde.
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17.7.13

Uma cagarra voava, voava

Os governos também se abatem



Em três anos, já caíram oito governos da Zona Euro, fragilizados pela falta de apoio para implementar políticas de austeridade. Em Portugal já caiu um e está outro em fila de espera.

«Nunca as democracias exigiram tanto dos seus cidadãos. Três anos de empobrecimento, aumentos de impostos e cortes no Estado Social têm testado os limites dos sacrifícios que os europeus são capazes de suportar. Mas não está a ser pacífico. Desde que explodiu a crise da dívida, quase metade dos países da Zona Euro já assistiram a quedas de governos e à marcação de eleições antecipadas. Afinal, a democracia está em risco ou nunca esteve tão forte?»

Uma boa pergunta, cuja resposta tem muito que se lhe diga.

(Via Jornal de Negócios)
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Espuma dos dias


Assino por baixo isto (e muito do que o Luís Bernardo pensa e escreve por aí):

«E as conversas casuais, como a de ontem, não podem terminar com Fernando Rosas em pose desapontada, como se a indisponibilidade do PS fosse surpreendente. O comunicado do PS diz tudo a esse respeito: no Rato, nada de novo. O socialismo na gaveta, a responsabilidade na manga e um calculismo hábil. A resposta à manobra do PCP – porque também foi uma manobra – não poderia ser uma imediata expressão de interesse em conversações alargadas “à esquerda” sem compromissos ou sem termos definidores mínimos. Os dirigentes do BE mostraram falta de jogo de cintura; mostraram não perceber que o PCP tem um eleitorado estável e uma base militante sólida, ainda que cada vez mais estreita; mostraram não perceber que uma reacção unitarista e ecuménica, nesta altura, teria de ter contornos mais discretos. Talvez seja este o outro ponto de sufoco do BE: a tentação do mediático e do grandiloquente. Não teria sido mais fácil desmontar os contornos messiânicos do discurso do PS, que se apresenta constantemente como partido essencial, partido fundamental, partido necessário, esquerda moderna? Essencial para quê? Fundamental para quê? Necessário para quê? Moderno, de facto, na configuração organizacional virada para a conquista de votos, mas nunca à esquerda. Sejamos claros: o PS não é essencial para nada, fundamental para nada, necessário para nada e a sua modernidade não augura algo de bom para a democracia eleitoral.»

Na íntegra aqui.
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Rei das cagarras



As coisas estando como estão, mais vale recorrer ao humor, mesmo que um tanto ácido, como Ferreira Fernandes o faz hoje, no DN

«Entre ouvir os gritos da Heloísa dos Verdes e os das cagarras das Selvagens, Cavaco escolheu o mais ecológico. Censura por censura, mais vale apanhar com um garajau a defender o ninho. As Selvagens vão passar a ter sido visitadas oficialmente por três presidentes, Soares, Sampaio e Cavaco. Mas nunca um PR lá pernoitara. Mário Soares era conhecido por dormitar em quase todo o sítio, mas só Cavaco Silva vai poder dizer, a partir de amanhã, que já dormiu na Selvagem Grande. Depois de mandato e meio, Cavaco terá, enfim, um lugar na história por alguma coisa. Ainda por cima Grande, como ele escreverá um dia num prefácio!» 
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O nosso orgulho



@Gui Castro Felga
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16.7.13

Reunião PS/BE: mas que espantada que eu fico!



E, já agora, espero que, a partir de hoje, o Bloco mude de discurso e esqueça o PS para o que quer que seja em termos de unidades de esquerda.
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A «esquerda» anda nervosa



Desde há algumas horas que Drummond de Andrade não me sai da cabeça:

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

  O J. Pinto Fernandes somos nós? 
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Como o entendo, hoje mais do que nunca

O ataque de Cavaco aos partidos



Absolutamente correcto, este comentário de Luís Menezes Leitão, hoje no «i». É por estas e por outras que a nossa democracia está em tão mau estado.

«Cavaco Silva decidiu atacar os três principais partidos portugueses forçando-os a um acordo. (...)
Este ataque deveria ter tido uma resposta à altura. O primeiro-ministro deveria ter imediatamente comunicado que é a ele que cabe decidir a composição do seu governo, por isso ou o Presidente o demitia ou dava posse imediatamente aos novos membros do governo. Ao mesmo tempo, avisaria que, se fosse demitido, a maioria rejeitaria no parlamento qualquer governo de iniciativa presidencial, fosse ele dirigido por um Monti ou por um Tonti. E quanto ao acordo com o PS é no parlamento e não em Belém que esses acordos são discutidos, não cabendo ao Presidente a iniciativa de os propor. (...)

Ao aceitarem submeter-se a este ultimato, os líderes partidários prestaram um mau serviço à democracia, que fica em risco com essa sua menorização.»
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15.7.13

A dívida pública não é pagável



A Comissão de Auditoria da IAC (Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida) divulgou hoje a seguinte tomada de posição:

A dívida pública não é pagável. A austeridade não é solução. Vem aí o segundo resgate, com este nome ou com outro.

Contra o segundo resgate, renegociação da dívida, já!

Com a dívida e o défice públicos fora do controlo e o anunciado “regresso aos mercados” adiado sem prazo, Portugal está confrontado com a ameaça de um segundo resgate. A iminência do segundo resgate é a prova de que o caminho da austeridade é errado. É causa das demissões no governo e da crise política, não uma sua consequência.

Um novo resgate, seja qual for a designação que lhe venham a dar, será um novo empréstimo destinado a pagar os juros e a amortizar os anteriores empréstimos. Virá com novas imposições, novos cortes, novos despedimentos. Tenderá a perpetuar o confisco de soberania e o declínio económico e social.

A perspetiva de um segundo resgate torna urgente um debate sério, que envolva e comprometa os responsáveis políticos, sem exceção, acerca da dívida pública e a urgente necessidade da sua renegociação.

A dívida não é pagável. O fanático propósito de o fazer, sobrepondo os interesses dos credores aos direitos e interesses dos portugueses e sufocando a economia e a sociedade, apenas conduz à falência do Estado e a uma reestruturação da dívida feita nas condições mais convenientes para os próprios credores.

A renegociação e reestruturação da dívida defendidas pela Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida (IAC) opõem-se ao pequeno alívio com aperto das condições que os próprios credores podem vir a querer impor-nos para que continuemos a servir a dívida.

A renegociação que defendemos leva ao cancelamento de parte substancial da dívida, ao alongamento dos prazos de pagamento e à redução de taxas de juro do que não for cancelado. É uma renegociação que preserva os interesses dos pequenos aforradores e da Segurança Social portuguesa. Esta renegociação é a alternativa realista aos resgates perpétuos. Representa a libertação de um fardo insuportável e é condição indispensável para libertar recursos para o investimento e a criação de emprego.

Agora mais do que nunca é chegado o tempo do Estado português desencadear um processo negocial com todos os credores (privados e oficiais). Será um processo difícil e complexo ao ponto de ter de envolver uma moratória, isto é, uma suspensão do pagamento dos juros e das amortizações ao longo da negociação, mas é a opção que deve ser feita para recuperar a esperança no futuro.

Este é o sentido da petição pela renegociação da dívida promovida pela IAC e outras organizações, aberta à subscrição pública aqui: insistir junto da Assembleia da Republica, levando-a a fazer a escolha que se impõe - renegociar a dívida, já!

Lisboa, 14 de julho de 2013

Contra o segundo resgate, renegociação da dívida, já!

A Comissão de Auditoria da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida

(Daqui)
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O PS entalado no seu labirinto



Nem os astrólogos conseguirão prever como terminará a semana política que hoje começa, mas um dos temas mais interessantes a seguir com atenção será certamente o que acontecerá ao PS.

O trio de testas de ferro de PSD, CDS e PS começou ontem as reuniões formais, em local desconhecido (não fosse uma grandoldada esperá-lo ao virar de uma esquina?) e emitiu 3xcomunicadosx3 rigorosamente iguais – gente bem comportada é assim.

Mas o Partido Socialista já deu sinais de estar ao seu melhor nível. Roubo ao Francisco da Silva a imagem com o que Carlos Zorrinho escreveu no Twitter, em 12 de Julho. 


Entretanto, soube-se que os socialistas vão votar favoravelmente a dita Moção de Censura e que o mesmo Carlos Zorrinho afirmou: «é com toda a normalidade que nós vamos votar a favor da moção de censura apresentada pelos "Verdes"». Ou seja, e relacionando com o que escreveu no Twitter, o líder parlamentar do PS considera que este vai prestar «um irrevogável serviço à coligação de direita»?

Mas tão interessante como ver até onde irá o contorcionismo do PS no desfecho das negociações, é constatar desde já como os zelosos guardadores da «esquerda grande» sofrem com medo que o PS venha a confirmar, de um modo ou outro, que pertence mesmo a este arco da governação; e, ainda que por vezes subliminarmente, verificar como «culpam» o PCP e o Bloco por estes se terem demarcado publicamente do não-convite de Cavaco / convite-pretexto de Seguro para se juntarem à negociata (pelo menos podiam lá ter ido explicar-se, não é?...). Declaram que a esquerda da esquerda só quer entalar o partido indispensável, juntando-se nessa intenção a Cavaco, à coligação, à troika – e talvez mesmo aos deuses, quem sabe...

Parecem esquecer que aquilo que está em causa não é «salvação» do país ou a sua reconstrução, mas apenas uma tentativa desesperada de Cavaco no sentido de reunir tropas para cumprir o que já está acordado e que todos sabemos que não será cumprido. Quando é que se entenderá que há uma linha que separa quem aceita o MoU, mesmo que cosmeticamente negociado, de quem o rejeita e já apresentou (sim, já apresentou) alternativas mais do que credíveis? Teoricamente, o PS teria, neste preciso momento, uma oportunidade única para saltar dessa carruagem onde viajam os que querem levar-nos ao abismo com sucessivos resgates. Mas não o fará. Assine ou não assine o que quer que seja. 


(Publicado também aqui.)
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Não é imprensa falsa

Regressa a má moeda



«A má moeda expulsa a boa moeda, escreveu há muitos anos Cavaco Silva, recomendando a Lei de Gresham ao mundo político. Foi o início do fim do Governo de Pedro Santana Lopes. Anos depois, com a sua proposta para a “salvação nacional”, o presidente beija mortalmente o Governo de Passos Coelho.

A má moeda regressa como uma ferroada letal. Diz Cavaco: na política actual os incompetentes voltaram a afastar os competentes. E isso não pode ser. Mais do que travar as ambições de Paulo Portas e de minar a estratégia defensiva de António José Seguro, Cavaco abriu a guerra de sucessão no PSD. (...)

Com a sua política cega de austeridade, Passos vai atirar o PSD para um desastre eleitoral. E, pior, ia permitir que Paulo Portas fosse o chefe do Governo. Foi isso que Cavaco travou, também em nome do velho PSD. Ao mesmo tempo mostrou que Passos Coelho é inútil ao PSD e que é urgente retirá-lo do poder. Substituindo-o pela moeda boa. Que, em condições normais, crie um verdadeiro executivo de “salvação nacional”, em conjunto com o PS. E só os dois. (...)

Cavaco nunca esquecerá as afrontas que Passos Coelho e Paulo Portas lhe fizeram há muitos anos. Agora, face a um Governo exausto e sem norte, abre a caixa de Pandora. Com a espada da troika e do financiamento em cima da cabeça, os partidos estão sob pressão. Não podem romper a corda que os liga à salvação do país. Cavaco travou Portas. E, tal como Vítor Gaspar, disse ao PSD que Passos Coelho não sabe ser líder. Ou seja, que o partido o deve remover.»

Fernando Sobral
O link pode só funcionar mais tarde.
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14.7.13

14 de Julho



Tomada da Bastilha, em 1789. Um pouco de música para a recordar.

Um ano mais tarde foi organizada a Festa da Federação, para sempre ligada a uma das canções ícone da Revolução Francesa. Os operários cantavam-na enquanto preparavam o Champ-de-Mars, onde iria ter lugar a comemoração:




Já de 1792, o que viria a tornar-se o hino dos «sans-culottes»:




 
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Em contactos informais



... e discretos também.

P.S. - Entretanto, deixaram de ser discretos. E o PS nunca, mas nunca, desilude...  
 

«Ler» Cavaco



« Cavaco não se importou que este Governo demonstrasse a sua incompetência a toda a hora, conviveu calmamente com a profunda impreparação, suportou o deslumbramento ideológico e a ignorância, mas não aguentou ser humilhado e chantageado pelos líderes da coligação. Enquanto foi com o País, o Presidente aguentou, quando lhe tocou a ele, a conversa foi outra e acabou a confiança. Digamos que se esperava bem mais de Cavaco Silva. Mas, convenhamos, nem este presidente, disposto a tudo para não exercer as suas funções, poderia pactuar com o lamentável espectáculo das últimas semanas. Nem o mais inconsciente dos presidentes teria mantido a confiança nos presidentes dos partidos da coligação. (...)

Como é que o Presidente quer que CDS, PSD e PS façam um acordo, ou seja, que confiem uns nos outros quando ele próprio não tem o mínimo de confiança nos líderes dos dois partidos da coligação? Que parte do "vocês estão a mais" Passos e Portas não perceberam? (...)

Talvez por estar a ver que Passos e Portas, o que obedece à sua consciência, não teriam percebido a parte do discurso em que demonstrava que já não contava com eles, talvez por não estar a gostar do espectáculo degradante que estava a ser levado à cena no hemiciclo, (...) o Presidente da República fez um comunicado durante o debate do Estado da Nação ordenando aos partidos que se despachassem. Mais, lembrou que transmitiu aos líderes dos partidos quais eram os elementos que deviam ser tomados em conta.

Comunicar aos partidos àquela hora que tinham de chegar depressa a um acordo e quais eram os elementos que deviam ter em conta foi como dizer que o que se estava a passar na Assembleia era uma perda de tempo e que ele, e não os partidos, é que sabia o que estava em causa.

Cavaco tinha razão: aquele debate foi uma perda de tempo. Como também é uma perda de tempo o que ele está, tarde e a más horas, a tentar fazer. Promover um acordo de regime com estes interlocutores, neste momento, já não faz sentido.»

Pedro Marques Lopes