15.7.13

O PS entalado no seu labirinto



Nem os astrólogos conseguirão prever como terminará a semana política que hoje começa, mas um dos temas mais interessantes a seguir com atenção será certamente o que acontecerá ao PS.

O trio de testas de ferro de PSD, CDS e PS começou ontem as reuniões formais, em local desconhecido (não fosse uma grandoldada esperá-lo ao virar de uma esquina?) e emitiu 3xcomunicadosx3 rigorosamente iguais – gente bem comportada é assim.

Mas o Partido Socialista já deu sinais de estar ao seu melhor nível. Roubo ao Francisco da Silva a imagem com o que Carlos Zorrinho escreveu no Twitter, em 12 de Julho. 


Entretanto, soube-se que os socialistas vão votar favoravelmente a dita Moção de Censura e que o mesmo Carlos Zorrinho afirmou: «é com toda a normalidade que nós vamos votar a favor da moção de censura apresentada pelos "Verdes"». Ou seja, e relacionando com o que escreveu no Twitter, o líder parlamentar do PS considera que este vai prestar «um irrevogável serviço à coligação de direita»?

Mas tão interessante como ver até onde irá o contorcionismo do PS no desfecho das negociações, é constatar desde já como os zelosos guardadores da «esquerda grande» sofrem com medo que o PS venha a confirmar, de um modo ou outro, que pertence mesmo a este arco da governação; e, ainda que por vezes subliminarmente, verificar como «culpam» o PCP e o Bloco por estes se terem demarcado publicamente do não-convite de Cavaco / convite-pretexto de Seguro para se juntarem à negociata (pelo menos podiam lá ter ido explicar-se, não é?...). Declaram que a esquerda da esquerda só quer entalar o partido indispensável, juntando-se nessa intenção a Cavaco, à coligação, à troika – e talvez mesmo aos deuses, quem sabe...

Parecem esquecer que aquilo que está em causa não é «salvação» do país ou a sua reconstrução, mas apenas uma tentativa desesperada de Cavaco no sentido de reunir tropas para cumprir o que já está acordado e que todos sabemos que não será cumprido. Quando é que se entenderá que há uma linha que separa quem aceita o MoU, mesmo que cosmeticamente negociado, de quem o rejeita e já apresentou (sim, já apresentou) alternativas mais do que credíveis? Teoricamente, o PS teria, neste preciso momento, uma oportunidade única para saltar dessa carruagem onde viajam os que querem levar-nos ao abismo com sucessivos resgates. Mas não o fará. Assine ou não assine o que quer que seja. 


(Publicado também aqui.)
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1 comments:

antónio m p disse...

O PS joga no equilíbrio instável entre um projecto político de "responsabilidade violenta" e um discurso eleitoralista de "ruptura suave".

A sua preocupação em chamar o PCP e o BE à mesa das negociações promovidas pelo Presidente da República, não é só ou não é tanto por razões de rigor democrático, é sobretudo para esvaziar a esquerda, nas próximas eleições, de alternativas a um PS comprometido com a filosofia do Memorando de Entendimento de José Sócrates.