31.1.15

Se nós não somos a Grécia é porque somos parvos



Miguel Sousa Tavares, no Expresso de hoje: 

«O “nós não somos a Grécia”, repetido por esta maioria como um mantra, é das frases politicamente mais estúpidas que me foi dado ouvir. É claro que nós somos a Grécia a partir do momento em que quisemos ser europeus e porque a Grécia é a Europa: foi a Grécia que fundou a civilização europeia ao abrigo de cujos valores queremos continuar a viver. (...)

Se a Europa — isto é, a Alemanha — forçar o Governo de Tsipras a capitular, muita gente ficará feliz com o desfecho. Mas são inconscientes: estarão apenas a antecipar o fim da Europa. A capitulação e humilhação da Grécia detonará, entre muitos povos da Europa, uma onda de ódio antialemão e de frustração com Bruxelas que será terra fértil para extremismos e radicalismos bem mais perigosos e incontroláveis. O desespero nunca foi bom conselheiro. A chancelerina Merkel devia meditar na célebre frase de Kennedy: “Os que tornam impossível a revolução pacífica tornam inevitável a revolução violenta”.

Não, isto não é uma história de criancinhas, como quer esperançosamente pensar Passos Coelho. Isto é política a sério, política dura, feita de escolhas difíceis, de opções que vão marcar os tempos. Coisas que os dirigentes europeus actuais já esqueceram. Mas quer eles queiram acreditar quer não, nada vai ficar na mesma. É impossível.» 
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2 comments:

septuagenário disse...

A Grécia é a Grécia, a Alemanha é a Alemanha, nós somos nós e os ingleses são outra loiça.

E quem está no convento é que sabe o que vai lá dentro.

São disse...

Não, realmente nós não somos a Grécia: lá a corrupção no caso dos submarinos deu em prisão, cá deu em arquivamento ...

Boa noite