No início de 1975, o desemprego aumentava, a discussão sobre a unicidade sindical atravessara todo o mês de Janeiro, as forças de extrema-esquerda tinham já tido tempo para consolidarem as suas organizações e crescia a número de casas e de terras ocupadas. Cereja em cima do bolo, uma esquadra naval da NATO entrou no Tejo em 2 de Fevereiro. Tudo isto levou os delegados dos trabalhadores da Inter-Comissões de Empresas da Cintura Industrial de Lisboa a convocarem uma marcha de protesto para 7 de Fevereiro.
Apesar de proibida pelo Governo Provisório de PPD, PS e PCP e pelo Governo Civil, o apelo à manifestação, contra o desemprego e contra a presença da NATO, recebeu o apoio de inúmeras organizações partidárias e comissões de trabalhadores e a condenação do PCP, do PS e da Intersindical.
Mas realizou-se. Partiu do Terreiro do Paço e no Marquês de Pombal foi travada por uma força de intervenção dos comandos, equipada com carros de combate e metralhadoras, para impedir que os manifestantes acedessem à Avenida do Duque de Loulé onde então ficava a embaixada dos Estados Unidos. No entanto, quando se anunciava uma confrontação violenta, um major do COPCON mandou afastar os chaimites e abrir caminho.
Seguiu-se depois para o Ministério do Trabalho na Praça de Londres, onde havia uma nova barragem de militares. Mas estes puseram as armas em posição de descanso e aderiram à manifestação de punho erguido enquanto gritavam: «Soldados
e marinheiros também são explorados!» e «Viva a classe operária!». Teve então lugar um acalorado comício e passava da meia-noite quando tudo terminou, cinco horas depois de ter começado, naquilo que foi considerado «um poderoso grito de revolta contra o desemprego, o capitalismo e o imperialismo».
Difícil acreditar neste ano da graça de 2016? Pois, mas era assim.
Difícil acreditar neste ano da graça de 2016? Pois, mas era assim.
Fonte e mais detalhes.
Notícia aqui e aqui.
[Republicação modificada] .
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