28.6.10

Vaticália ou a nobreza negra do Vaticano


Em El País de ontem, um longo e detalhado artigo sobre a «Vaticália» (Vaticano + Itália) - um complicado imbróglio de influências e acusações de corrupção, pela conjugação de acções com muitos protagonistas e uma intrincada rede de interesses laicos e religiosos.

Nem tento resumir o texto, mas tudo parece girar em torno de um grupo de 147 poderosos notáveis – os «Gentil-homens de Sua Santidade» – que, «com competência e autoridade», «ajudam a engordar as arcas do estado pontifício, o paraíso fiscal mais rico, melhor decorado e mais visitado do mundo». Dos 147, 114 são italianos, sete americanos, cinco espanhóis e cinco austríacos.

Vieram agora para a boca de cena por causa de um deles, Angelo Balducci, (que, entretanto já fora demitido por Bento XVI por envolvimento em escândalos sexuais com seminaristas e com «sem papeis»). A história é longa mas transcrevo três elucidativos parágrafos:
«Balducci es un ingeniero que durante 25 años se encargó de ejecutar las obras públicas en la región del Lazio, donde se hallan Roma y el Vaticano. De ahí pasó al Gobierno central como responsable del Consejo Superior de Obras Públicas. Tras una vida dedicada a mejorar las infraestructuras italianas y vaticanas, Balducci, de 62 años, vive ahora en la cárcel romana de Regina Coeli.
Desde febrero, Balducci es el principal imputado en el escándalo de corrupción de la todopoderosa Protección Civil italiana, que de momento tiene a más de 50 personas imputadas o bajo investigación. Desde 2001 hasta ahora, el superministerio que depende de la Presidencia del Gobierno ha gastado fondos públicos por valor de 13.000 millones de euros, según el último informe de la Autoridad para la Vigilancia de los Contratos Públicos.
El dinero era gestionado por el jefe de la Protección Civil, el secretario de Estado Guido Bertolaso, también acusado de corrupción, y por el ejecutor de las obras, Balducci, gracias a una argucia autorizada por el primer ministro, Silvio Berlusconi, para superar la maldita burocracia y afrontar las emergencias con más rapidez: la licitación de contratas públicas se hacía sin concurso, a dedo, derogando los procedimientos ordinarios.»
Acontece que Balducci era o principal assessor do cardeal Crescenzio Sepe, arcebispo de Nápoles, na organização do chamado Ano Santo que «foi uma maionese de negócios, obras, subvenções, prendas, silêncios e favores que ligou altos funcionários públicos com a Opus Dei e os Legionários de Cristo».

E Crescenzio Sepe foi objecto de notícias largamente difundidas nos últimos dias, por suposto envolvimento em graves actos de corrupção:
«La acusación sostiene que el cardenal Sepe concedió gratis uno de los 2.000 apartamentos que Propaganda Fide posee en Roma al jefe de la Protección Civil, Guido Bertolaso. Y que además vendió en 2004 un lujoso palacete romano a precio de ganga (entre tres y cuatro millones de euros, cuando valía nueve o diez) al entonces ministro de Infraestructuras, Pietro Lunardi, también acusado formalmente por esa operación. La hipótesis de los fiscales es que, a cambio, Lunardi financió con dinero estatal de la sociedad Arcus obras millonarias de Propaganda Fide que nunca fueron realizadas.»
Há mais informação no extenso e um tanto confuso artigo de El País, mas penso ser isto o suficiente para se perceber que se trata de «bons rapazes» que não procuram senão o bem da humanidade e a salvação das almas dos seus fieis. E, também, que há uma caixa de Pandora ali para os lados da Basílica de S. Pedro que foi aberta e que continua totalmente escancarada.
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4 comments:

Anónimo disse...

veja esse lado da igreja
http://www.youtube.com/watch?v=Jr5Q5Volv88
http://www.youtube.com/watch?v=YpcE6Igwr0U
http://www.youtube.com/watch?v=_tKuNmyjG80
http://www.youtube.com/watch?v=rVvNG_DkwzY
http://www.youtube.com/watch?v=YWvl1EKY0jk
http://www.youtube.com/watch?v=K95X2VKqQ9o

MFerrer disse...

Tem que haver muito negócio escondido em tamanha organização e com tamanho poder por todo o mundo!
Não se trata de sermos amantes das teorias da conspiração. Trata-se isso sim, de sinais exteriores e interiores de riqueza, por explicar!

Joana Lopes disse...

O que este artigo descreve mostra bem que sim.

Manuel Vilarinho Pires disse...

A dispensa de concursos públicos como forma de agilizar os processos soa a "dejá vue"?
É omnipresente...