Na minha viagem pela Etiópia, visitei Awra Amba, uma comunidade de cerca de 460 pessoas, que vive a 73 quilómetros de Bahir Dar, seguindo normas pouco usuais no país, das quais os seus membros fazem questão em destacar duas: a igualdade entre homens e mulheres, em todos os planos, e o respeito pelos velhos.
Não são nem cristãos, nem muçulmanos, nem membros de uma qualquer outra religião, o que também está longe de ser comum e nem sempre é bem aceite. Não existem igrejas nem mesquitas na aldeia e os seus habitantes dizem que afirmam a fé no trabalho árduo, no comportamento pacífico e no respeito por todos os seres humanos. A mutilação genital das mulheres e o casamento de crianças foram abolidos.
Com 40 anos de existência, Awra Amba começou por ser ignorada, e mesmo «olhada de esguelha», mas é hoje seguida atentamente pela UNESCO, e pelo próprio governo etíope, como um modelo a divulgar e expandir. O seu fundador, Zumra Nuru, não é considerado propriamente «o chefe», mas antes uma espécie de patrono ou consultor de um conjunto de «comités» eleitos pela população, que se ocupam dos diversos sectores da vida da comunidade: educação, saúde, idosos, crianças, biblioteca, etc., etc.
Tudo isto se passa numa região relativamente árida, e paupérrima como toda a Etiópia, mas Awra Amba é um verdadeiro oásis quanto a modo de funcionamento e atitude. Vive da agricultura e, sobretudo, dos têxteis que produz e nos quais se ocupa grande parte da população adulta. Os jovens estudam, até certo grau na própria aldeia, mais tarde fora dela, muitos deles em universidades.
Ficam algumas fotos das muitas que tirei, que não chegam para dar nem uma pálida ideia de uma realidade notável.
Escola e Biblioteca:
A fábrica (igualdade: a primeira vez que vi um homem tecelão, por esse mundo fora):
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