24.10.20

Obrigações e pedagogias

 


Nada tenho de especial contra o uso de máscaras ao ar livre como foi ontem decidido (excepto o facto de não serem gratuitas e o exagero no montante das multas), mas duvido de uma eficácia muito significativa. 

Primeiro, porque muitas pessoas já as usam, embora mal num grande número de casos, e que deixar ao critério de agentes de autoridade, eventualmente mal informados, a decisão das situações em que a obrigatoriedade não se aplica pode ser repetir o erro dos que mandavam imediatamente para casa quem tivesse o cabelo muito branco, confundindo idade de risco com infecção pelo vírus, durante a fase de confinamento. 

Segundo e sobretudo, porque não existiu, nem existe, qualquer campanha de sensibilização adaptada à faixa etária a ter sobretudo em conta neste momento (adolescentes e jovens adultos) e que não é com vinagre que se apanham moscas. Precisam de conviver e, se os perseguem, ampliarão com enormes prejuízos o que já hoje fazem: sem bares nem rua, abastecem-se com antecedência e criam «a noite» em casa ou em barracões – obviamente sem máscaras, nem distâncias, nem gel. 

Já disse isto várias vezes: há discursos a mais e pedagogia a menos (ou marketing, tanto me faz). Estas pessoas não ouvem as conferências de imprensa, os discursos de Costa ou mesmo telejornais. Utilizem futebolistas em muppies, youtubers, campanhas no Instagram, no Tinder, sei lá!... Mas nãos os tratem como se tivessem 60 anos ou quase.
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