«Obstinado em não fazer as malas, o inquilino da Casa Branca está a acabar o último capítulo do livro da sua presidência – sem piedade.
Vingativo, continua a demitir altos funcionários que se desviem da sua rota totalmente incerta, o que pode atingir todos os que com ele colaboram.
Cruel, quer chegar onde nenhum Presidente chegou nos últimos 124 anos. Por cada semana até ao dia da partida tem uma execução. Seis estão à espera. Nem em Riade se executa tanto.
O magnata da construção civil, o supremacista, o embusteiro, o curandeiro da lixívia, o apaixonado pelo líder da Coreia do Norte, o charlatão, assumiu antes de ir o seu sadismo.
Não lhe bastaram 230.000 mortos pelo vírus que sempre desprezou como sendo algo menor nos assuntos da sua presidência.
Na passada quinta-feira, Trump carimbou na sua caderneta de perversidades mais uma. Brandon Bernard foi executado. Tinha 18 anos quando cometeu o crime pelo qual foi condenado. Deixara de ser adolescente havia dias, segundo os jornais daquele país. A procuradora federal pedira que fosse comutada a pena em prisão perpétua, tendo em atenção o facto de alguém com aquela idade ser ainda na prática um adolescente, sendo que mais um mês ou dois depois daquela idade não é decisivo para a formação de uma personalidade que levasse àquela pena extrema. Aliás, outros participantes com 17 anos não foram por esse facto condenados à pena de morte.
Trump, no último ano do seu mandato, pode vangloriar-se do recorde de execuções na História dos EUA – 13.
Para fazer a “America Great Again" escolheu este caminho, o das cruzes dos cemitérios. O seu espírito vingativo, cruel e sádico talvez faça dele um carniceiro e queira ser recordado como aquelas personagens que, para ficarem na História, fizeram tremendas barbaridades. Talvez. O recorde de execuções fala por si.
Certo é que pode constituir um exemplo num mundo cada vez mais dominado pelo poder do dinheiro que não basta ter dinheiro a rodos para se ser um bom político. E que um excelente industrial ou comerciante ou investidor não é só por esse facto capaz de dirigir um país.
A atração do poder do dinheiro pelo poder político pode ser fatal para os destinos de um país que se deixe levar por essa cantilena da gestão provada à frente de empresas. Um país não é uma empresa, é muitíssimo mais complexo.
Na passada quinta-feira, Trump quis mostrar bem quem era em termos de compaixão. Nas próximas semanas as execuções continuarão. Em abono da verdade e até hoje, a pena de morte não travou a criminalidade. A esmagadora maioria dos países que aboliram a pena de morte têm uma taxa de criminalidade bem mais baixa que a dos EUA.
Trump pertence a um núcleo ultra restrito de multibilionários que, para se protegerem, querem um Estado mínimo, mas implacável para com os fracos e condescendente para com os poderosos. Por isso, do alto do poder, pretende indultar-se a si, a familiares e a amigos. Para os desgraçados, a injeção letal.»
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