«O otimismo em relação ao impacto económico da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) era, como alguns desconfiavam, excessivo. Demasiado excessivo. A euforia que tomou conta de membros da Igreja Católica e, sobretudo, da política nacional roçou a propaganda pura e dura. Com a Jornada, o efeito na economia seria extraordinário e, para não haver dúvidas, fizeram-se estudos, encomendados a entidades credíveis - essas entidades confirmavam a euforia.
A realidade, porém, é menos emotiva. Dados agora divulgados pelo Banco de Portugal demonstram exatamente o contrário. Como o JN hoje escreve, houve menos dormidas em hotéis, menos consumo em restaurantes, assim como no comércio. Em suma, a partir de 11 de julho, a atividade económica entrou em território claramente negativo, mantendo a tendência durante a semana do Papa, até dia 5 de agosto.
O estudo encomendado pela organização da JMJ, recorde-se, apontava para um impacto económico de 411 milhões de euros, em valor acrescentado bruto, na economia portuguesa. Para chegar a este valor, a autora do estudo, a PWC, previa a presença aproximada de um milhão de visitantes, entre peregrinos inscritos, não inscritos, outros participantes e voluntários. Um valor inferior ao número inicialmente anunciado que oscilava entre 1 e 1,5 milhões de pessoas.
Os gastos médios previstos, ainda segundo o estudo, andariam entre 30 e 163 euros por pessoa, e a estadia média entre dois e seis dias. Nestas contas, previa-se um gasto mínimo dos peregrinos de 162 milhões de euros, mas poderia atingir os 273 milhões.
Vieram os peregrinos, sem dúvida, e voltaram às suas terras sem o comércio sentir, verdadeiramente, a sua presença. Terá valido o investimento público, a obra que fica para a cidade e pontes para batizar. E a imagem de um grande evento, apresentado como um grande negócio para Portugal, a colidir com a mensagem do Papa Francisco.»
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