Num artigo intitulado El oportunismo de la Iglesia, Bertrand de la Grange comenta a aproximação recente entre as autoridades governamentais e eclesiásticas, em Cuba, de um ponto de vista muito crítico.
No momento em que a economia cubana está à beira do colapso, apesar de todas as ajudas de Hugo Chávez, sem que as medidas aplicadas para o aumento da produção agrícola pareçam ter resultado, com a maioria dos alimentos importados e os baús do estado vazios, Raúl Castro estaria a ganhar tempo, sem grandes danos – antes pelo contrário –, ao procurar uma ajuda para resolver o problema dos presos políticos. O Vaticano espera colher alguns benefícios para a igreja cubana.
Não é fácil criticar acções que levem à libertação de presos e, no entanto, há quem o faça, sobretudo por toda esta actividade se fazer em conluio com a igreja e à margem dos dissidentes. Uma das suas vozes mais respeitadas, Oewaldo Payá, militante católico fundador do «Movimiento Cristiano Liberación», prémio Sakharov pela defesa dos direitos humanos atribuído pelo Parlamento Europeu, lamenta que alguns padres «aceitem o papel de interlocutores únicos do Governo», sobrando para os cubanos apenas o de espectadores e não o de protagonistas da sua própria libertação, como deviam sê-lo. Oewaldo Payá lembra que a igreja deveria ser a «facilitadora» do diálogo entre todas as partes interessadas e não o agente apenas de uma. O futuro próximo mostrará se vai alterar o seu comportamento daqui em diante ou se se manterá na posição que teve até ao momento.
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