19.9.14

Borboleta cobra



«O Novo Banco não passou da fase Nenuco. No fim-de-semana, o Expresso deu a notícia: Vítor Bento estava demissionário. O outrora Salvador da Pátria Financeira, afinal não percebia nada de banca e estava de saída sem deixar saudades. Os banqueiros arfavam por banqueiros: "Faz muita falta um banqueiro à frente de um banco", eu acrescentaria, daqueles que já não se fazem, como o Salgado, o Jardim Gonçalves, o Rendeiro, etc.

Mais uma vez não sabíamos tudo o que se passava. Enquanto cá fora havia borboletas, lá dentro, o ambiente era de reptilário. Bem que Cavaco Silva queria saber mais coisas. Andavam a maltratar o seu homem no BES, e ninguém lhe contava.

Bento pensou que vinha para presidente do BES. Aceitava por amor à pátria ser o novo DDT mas, quando a tempestade acabou, sobrava um quiosque com cautelas. Ainda por cima para vender, rapidamente, porque vão fazer uma casa de hambúrgueres. Era de menos para o seu espírito de missão.

Carlos Costa, que já tinha tirado o tapete a Bento – pressionado por um PM que quer que tudo se lixe menos as eleições – já estava à procura de uma nova barriga de aluguer. Alguém que não deixe morrer o banco enquanto os novos pais não o vêm buscar. Soubemos, mais tarde, que a barriga veio de Londres, e confirmou-se que era alugada.

Não vai ser fácil a vida de Stock da Cunha. O Lloyds já avisou que o emprestam, mas que não o aceitam de volta se vier com muitos riscos ou vícios. O Vítor Bento passou de iluminado a pessoa que não percebia nada daquilo, num mês. O Novo Banco é um cemitério de gente séria. Espero que estando o Doutor Stock emprestado, só lá vá à tarde.»

João Quadros

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