Há sete anos, estive em Gori, na Geórgia, terra onde nasceu Estaline e se pode visitar um Museu que lhe é dedicado – grande, cheio de fotografias, documentos e objectos bem-apresentados. Mas, da primeira à última sala, passa-se por um verdadeiro «monumento» laudatório e glorioso, no mínimo aterrador e que me dispenso de descrever… Antes de sair, através de uma intérprete que falava espanhol, perguntei à guia se não lhe parecia que faltava uma parte das histórias e da História − em 2012, num país orgulhoso de ser independente há mais de duas décadas, etc., etc., etc. Disse-me então que o edifício iria encerrar em Outubro, durante dois anos, por decisão do ministro da Cultura, e que reabriria totalmente reformulado com o nome alterado para Museu do Estalinismo e incluindo o que de «menos bom» o homem tinha feito nesta vida…
Mas, não, não fechou, nem foi remodelado, já que a Assembleia Municipal de Gori decidiu o contrário: que devia ficar tal como está. A maioria dos «filhos da terra», orgulhosos do seu herói, bem ao contrário dos outros georgianos que conheci, querem que o Museu e a casinha logo ao lado, onde Estaline nasceu e se guardam alguns dos seus pertences sem qualquer interesse, continuem a homenageá-lo como sempre.
(Lembrei-me disto tudo por razões óbvias. Mas é escusado dizerem-me que o que está em causa, ali pela Beira, é diferente, porque eu sei. Como sei também que o seguro morreu de velho e que a vida, por vezes, anda «às arrecuas».)
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