Três dias entre templos e uma rua com hotéis para turistas mantiveram-me provisoriamente afastada do pais paupérrimo que vi a poucos quilómetros. 'A beira de uma estrada e de um canal, e sobretudo num extensissimo lago, muitos milhares de pessoas vivem numa situação absolutamente inimaginável. Em barracas sobre estacas ou flutuantes, acumulam-se famílias cheias de filhos e até de animais, sem quaisquer condições de higiene, com esperança de vida abaixo dos 50 anos e onde as crianças que morrem todos os dias são pura e simplesmente atiradas ao lago.
A percepção da pobreza extrema continua em Phnom Penh que viu a sua população aumentar para dois milhões de habitantes desde que duzentas fábricas de têxteis aqui se instalaram, muitas como resultado de deslocalizações dos nossos países. Maná caído do céu, mesmo quando se trabalha 364 dias por ano, com condições e salários que não é difícil imaginar.
As belas teorias sobre o que não devia acontecer continuam de pé, mas a realidade, bem mais dura e bem mais crua, faz-me rebobinar o filme da globalização e não me deixa muito optimista. Novidade? Nenhuma, mas uma coisa é saber e outra, bem diferente, é VER.
Enquanto nós continuamos a tentar (em vão?) manter os nossos privilégios de ricos que ainda somos, os muitos Cambodjas deste mundo procuram apenas sobreviver - no sentido mais estrito da palavra.
Amanhã, antes de apanhar o avião de regresso, verei os killing fields dos khmers vermelhos e o Museu do Genocídio - será a cereja em cima do bolo.
Nunca me esquecerei deste país.
A percepção da pobreza extrema continua em Phnom Penh que viu a sua população aumentar para dois milhões de habitantes desde que duzentas fábricas de têxteis aqui se instalaram, muitas como resultado de deslocalizações dos nossos países. Maná caído do céu, mesmo quando se trabalha 364 dias por ano, com condições e salários que não é difícil imaginar.
As belas teorias sobre o que não devia acontecer continuam de pé, mas a realidade, bem mais dura e bem mais crua, faz-me rebobinar o filme da globalização e não me deixa muito optimista. Novidade? Nenhuma, mas uma coisa é saber e outra, bem diferente, é VER.
Enquanto nós continuamos a tentar (em vão?) manter os nossos privilégios de ricos que ainda somos, os muitos Cambodjas deste mundo procuram apenas sobreviver - no sentido mais estrito da palavra.
Amanhã, antes de apanhar o avião de regresso, verei os killing fields dos khmers vermelhos e o Museu do Genocídio - será a cereja em cima do bolo.
Nunca me esquecerei deste país.
3 comments:
J.,
Conheço relativamente bem o Cambodja, a sua cultura e as suas gentes. Os cambodjanos são na sua maioria (noventa e tal por cento) budistas e como tal acreditam na reincarnação. Por tal facto não acredito que atirem os cadáveres para o lago (Tonle Sap). O respeito que manifestam pela vida é idêntico ao respeito que manifestam após a morte.
Espero que esta viagem tenha despertado a curiosidade por uma nova viagem, desta vez sem o "espartilho" de um programa.
Fraterno abraço,
Olá Quim!
A informação sobre os mortos deitados ao lago foi-me dada por um cambodjano, mas pode ser falsa, como é óbvio...
Eu sei que tu gostas muito do Cambodja. Quanto a mim, gostei de lá ter ido mas, sinceramente, não penso lá voltar.
Também corri essa estrada, também mergulhei nesse canal, também olhei, muito provavelmente nesse mesmo local, o Tonlé Sap. Sem palavras.
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