18.5.09

Traição, diz ele
















Ainda mal se acalmaram as missas e os abraços crístico-pétreos do fim-de-semana e chega já a fatídica crónica de César das Neves no DN – «traição», a propósito de tudo, de mais alguma coisa e também de crenças.

«O limite encontra-se na religião, onde já nem se consegue entender como possa existir traição. Cada um é soberano nas suas relações com Deus e pode quebrá-las quando lhe apetecer. Os termos são definidos a partir das opções e condições humanas de cada um, não a partir da transcendência. É Deus e a Igreja quem se devem dar por muito satisfeitos com a nossa homenagem eventual. É comum ouvir frases como "sou católico, mas..."; raramente "sou católico, por isso...".»

A ver se entendo. Como é que um simples mortal se pode posicionar perante a transcendência a não ser com base na sua condição humana? O que significa pedir-lhe que se defina a partir do ponto de vista do transcendente? Pergunto mas sei que estou a desconversar porque, uma vez mais e como sempre, César das Neves identifica e confunde, rápida e propositadamente, Deus e Igreja para excluir os «mas» e guardar só os «por isso». Se alguém é crente, «por isso» não pode quebrar um casamento, nem aceitar um aborto, nem pôr a hipótese de defender a eutanásia, nem..., nem..., nem...
É um proselitismo sempre pela negativa, de gente certamente infeliz e triste, com um pessimismo e uma escuridão absolutamente assustadores – de acordo, João Tunes.

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