1.2.10

Pare, olhe e leia




«rezava-se na escola para que deus e a nossa senhora e aquele séquito de santinhos e santinhas pairassem sobre a cabeça de uma cidadania temente e tão bem comportada. assim se aguentava a pobreza com uma paciência endurecida, porque éramos todos muito robustos, na verdade, que povo robusto o nosso, a atravessar aquele deserto de liberdade que nunca mais acabava mas que também não saberíamos ainda contestar. havia uma decência, com um tanto de massacre, sem dúvida, mas uma decência que criava um porreirismo fiável que incutia em todos um respeito inegável pelo colectivo, porque estávamos comprometidos em sociedade, por todos os lados cercados pela ideia de sacrifício, pela crença de que o sacrifício nos levaria à candura e de que a pureza era possível. íamos ser todos dignos da cabeça aos pés, tínhamos ainda palavra de honra. que coisa tão estranha essa da palavra de honra. chegar a um lugar, dizer com ar grave que tal promessa era por nossa honra, e todos estremeciam, porque se manifestava o mais sagrado que se podia ser. ninguém duvidava de tal verdade nem menos gozava.»

Este pequeno excerto, que nem sequer é especialmente representativo do tema central do livro, como pretexto para aconselhar a leitura de a máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe. Não sem passar, antes ou depois, pelo «Bibliotecário de Babel»: aqui e aqui.

2 comments:

José Meireles Graça disse...

E o romance é todo assim, sem maiúsculas e com períodos intermináveis, sem equilíbrio e elegância? Espero que não, mesmo que esteja ao abrigo de o vir a ler.

Joana Lopes disse...

Sim, é todo assim...