24.3.10

Por aqui, recorda-se

Há 48 anos, viveu-se em Portugal a proibição do Dia do Estudante, que esteve na origem da Crise Académica de 1962.

Neste pequeno vídeo, Isabel do Carmo explica a importância dos acontecimentos, nomeadamente para a emancipação das estudantes que neles tiveram uma participação muito activa (*).



(*) A Crise Académica de 62, Fundação Mário Soares, 2007 (dvd)

9 comments:

Jorge Conceição disse...

Boa retrospectiva!

Achei também interessante a classificação da década de sessenta como a década da juventude. Na verdade foi um explodir quase universal e a juventude portuguesa não foi excepção e transbordou ainda para mais outra década, a de setenta.

Depois é que vieram os "iúpis" e quejandos.

Agora é a vez da juventude do imediato, mas também da juventude sem perspectivas dum futuro promissor.

Mas isto são generalizações simplistas, porque "mesmo na noite mais triste, há semptre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não" e, espero, que diga "sim" ao que há por fazer.

Joana Lopes disse...

Não estou tão pessimista em relação à juventude que aí vem. Vou pôr um post sobre isso

Manuel Vilarinho Pires disse...

Caro Jorge,
Desculpe que lhe diga, mas queixar-se da juventude pós anos 60 e 70 é como queixar-se do teatro de revista pós 1974.
Tenho a impressão que todas as gerações de jovens desde Abel e Caim se devem ter revoltado pelo facto de a geração anterior ser demasiado conformista e não compreender nem aceitar a lucidez da sua própria geração.
A forma que essa revolta tomou derivou sempre do contexto em que cada geração viveu.
Como disse a Drª Isabel do Carmo, naquela altura havia cá a ditadura.
Mas havia, um pouco por todo o mundo (ocidental, porque é só do mundo ocidental que estamos a falar, não é?), o racismo, a tropa, o puritanismo imposto pela lei, e outra coisa que mobilizava muito os jovens no sentido que o parece ter entusiasmado: havia guerra fria, que justificava apoios geo-estratégicos e geo-tácticos do mundo ocidental a governos e governantes absolutamente execráveis.
Todos estes factores polarizaram a revolta da juventude num certo sentido que lhe parece agradar, e ainda bem.
Mas ainda bem que desapareceram na sua grande maioria, e que a juventude de hoje se virou para factores mais actuais e deixou de andar a tentar resolver os de há 40 anos atrás.
Relativamente à minha observação sobre o mundo ocidental, deixe-me explicar um pouco melhor.
Se olhar para a China, a década da juventude não foi a de 60 ou 70, em que os jovens foram activíssimos delatores uns dos outros e das suas próprias famílias, ao serviço da revolução cultural(cultural?!?!?!).
Foi a década de 90, em que uma geração de jovens foi esmagada pelo sistema que tanto fascinou a juventude ocidental dos anos 60 e 70.
Que, se foi muito combativa e criativa na sua revolta, pode ter deixado muito a desejar no plano da lucidez.
Como é próprio da juventude, aliás.

Joana Lopes disse...

Este é o teu comentário não reaccionário da semana, Manel... :-)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana, aqui para nós, que toda a gente nos está a ouvir, eu acho que nenhum dos meus comentários é reaccionário!
Mas reconheço que digo muitas coisas que os radares de comentários reaccionários, que muita gente tem permanentemente ligados, detectam.

Acrescento, mudando de assunto, que detectar comentários reaccionários parece ser uma daquelas coisas para as quais a esquerda acha que serve.
Que até podia ser útil, regressando ao assunto, não se desse o caso de continuar a usar os mesmos padrões de detecção de há 40 anos atrás, e de eles já poderem estar um tanto ou quanto desactualizados...

Joana Lopes disse...

Pára aí, Manel, eu estava a gozar-te!....

Manuel Vilarinho Pires disse...

Pois eu estava a fazer-te um rasgado elogio...
Até porque sei bem que sempre que digo o que penso do maoismo, dos maoistas e da maior parte dos ex-maoistas, o radar bloqueia e manda logo apontar os mísseis (ou os missais...)!

Vitor M. Trigo disse...

Também fico a aguardar, com curiosidade, o post que prometes sobre os novos jovens.

Também eu sou bastante mais optimista sobre este tema do que as pessoas que me rodeiam.

No ano passado escrevi um artigo (os meus textos estão, por opção, limtados a 3 páginas A4, Verdana 12, e com espaço duplo entre parágrafos) sobre NÒS, estes "velhadas" - chamei-lhe Bye, Bye, Baby Boomers. E dizia assim:

http://docs.google.com/Doc?docid=0ARPdDwUIoRVwZGQ4cTQ0NjlfNWRobWJ4NDRi&hl=en

(esta é versão Google Docs. A original é em Acrobat).

Será que já está a interferir com o teu post, que se calhar, ainda não começou a ser escrito? Quem sabe?

Jorge Conceição disse...

Embora não tenha a menor das importâncias o que penso ou não sobre determinado assunto, vou clarificar o que disse no meu primeiro comentário:
- em primeiro lugar reafirmo que são perigosas, ontem ou hoje, generalizações geracionais;
- depois, quero deixar claro que de modo algum sou um pessimista em relação à juventude de hoje - bem pelo contrário! Sou pessimista, isso sim, quanto ao futuro que aguarda esta juventude e não, sobretudo, à juventude nacional; e eles sentem-no mais ainda do que nós, mais velhos, com a precariedade de emprego e com remunerações insuficientes para terem uma vida minimamente digna e estável; e porque eles sentem isso é que eu digo que muitos deles preferem viver o imediato, por não saberem se o futuro existe. O mal não é desta juventude, mas do que a sociedade hoje lhes oferece. Mas apesar disso (e aqui entra a citação da resistência), há vários jovens - embora não saiba o seu número - que não baixam os braços e que lutam por um mundo melhor, agrade isso ou não a alguns adultos;
- finalmente, a geração (sem generalizações, contudo) a que me referi, como a dos arrivistas ou de "iúpis", é a que tem hoje entre 40 e 50 anos, que teria os seus vinte e tal pelos anos oitenta, mais coisa menos coisa. E a evidência disso, não está apenas de quem hoje se mexe nos partidos, mas duma classe média que se move em muitas das nossas empresas, públicas ou privadas, com predominância para estas últimas e tais emanescências são visíveis não apenas nos locais de trabalho, mas nas relações de vizinhança (moradores), no trânsito, na cidade, nos ginásios, ou seja, sobretudo na cidadania e na consciência e prática cívicas. E também sociais.