2.4.10

®evolução?


O cantor cubano Silvio Rodríguez demarcou-se recentemente do governo que entusiasticamente apoiou durante toda uma vida. Até por Angola andou, nos idos de 70, em apoio artístico às brigadas internacionalistas cubanas.

Em declarações que El País publicou há poucos dias, disse que « hay que superar la "erre" de revolución y que el país pide a gritos "evolución"».

Soube-me a pouco, devo confessá-lo, e não consegui bater muitas palmas apesar de reconhecer a importância do acto. E cheguei hoje a este texto de Yoani Sánchez:
«Se le escucha ahora con ese nivel de crítica que trae el desencanto, pero con el sigilo del que tiene demasiado que perder si declara todas sus opiniones sobre el desastre nacional. Sabe que ante nuestros ojos él es “un hombre de ellos”, triste encasillamiento para un trovador que en sus inicios rasgó las cuerdas de la indocilidad.
Durante el lanzamiento de su último disco, Silvio aventuró un juego lingüístico para superar “la erre de revolución” y que primara en su lugar “la evolución”. Como en lugar de excluir a un nuevo inconforme es mejor acogerlo en el bando de los que clamamos aperturas, voy a seguirle la rima y eliminaré la incómoda letra que da entrada a “represión”. Con cierta ligera metamorfosis este vocablo y todo lo que le cuelga podría mutar hacia el de “expresión” libre, que estamos tan necesitados de utilizar. Una “r” muy sonora –instalada en el nombre de quien nos gobierna– también debe salir de escena y dar paso, cuanto antes, a otras consonantes de nuestro plural abecedario.»

Há R’s que alteram tudo, é verdade. Mas nem sempre é suficiente apagá-los.

(P.S.1 – Não está portanto sozinho, Paulo.)

P.S.2 – E há também uma outra notícia: na imprensa oficial cubana Silvio Rodríguez: “Tengo más razones para creer en la Revolución que para creer en sus detractores”e na do Bloco de Esquerda Silvio Rodriguez: "Cuba clama por mudanças". Os títulos são diferentes mas o conteúdo só vem dar razão às minhas reservas...


Angola, 1976
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3 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

"Evolução sem revolução"

Aonde é que eu já ouvi isto?
(Post reaccionário da semana)

Resposta: e um ex-reitor da UL que, se não estou em erro, se tinha demitido do cargo na sequência da ocupação da UL pela polícia, posição que não foi repetida por mais nenhum dos seus sucessores (e respectivos superiores hierárquicos) até ao 25 de Abril de 1974.

Joana Lopes disse...

Não estás em erro, não, foi o propriamente dito, o da evolução na continuidade.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Há quem diga que de boas intenções está o inferno cheio, mas também há quem ache esse ditado um bocadinho cínico.
O 25 de Abril nunca quis fazer as pazes com a sua memória, tendo curiosamente integrado desde logo outros que não se demitiram em circunstâncias semelhantes.
Não sei se fez boa escolha...