Baltasar Garzón aceitou hoje o convite que lhe foi dirigido pelo presidente do Tribunal Penal Internacional para exercer a função de assessor externo naquela instituição, durante sete meses, e pediu para esse efeito a respectiva autorização ao governo espanhol.
A «Asociación para la Recuperación de la Memoria Histórica» já reagiu considerando este «exílio» de Garzón como uma «amputação na justiça espanhola»: «"Que el único juez que se ha atrevido a investigar estos crímenes se tenga que marchar de España es un estrechamiento de la democracia", opina Silva. El colectivo cree que es "un hecho de extrema gravedad como precedente para otros jueces que intenten investigar los crímenes del franquismo"».
Quem o diz é Emilio Silva, presidente da referida Associação, que conheci há alguns meses num colóquio do CES, em Coimbra, e que é autor do livro Las fosas de Franco. Nele relata, detalhadamente, os esforços e toda a espécie de peripécias que o levaram a encontrar as ossadas do seu próprio avô, militante da Izquierda Republicana, assassinado pelos falangistas em 1936.
Por mais que nos indignemos com este verdadeiro escândalo que se passa aqui bem perto de nós, nunca conseguiremos realizar a revolta dos que nela estão directamente envolvidos, como é o caso dos familiares das vítimas do franquismo, que vivem naquilo que chamam uma «grande fossa chamada Espanha».
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2 comments:
Joana, isto não é bem um exílio, é um "internacional assignment"...
Este problema merece ser tratado, e bem tratado, nomeadamente compreendendo bem os seus contornos jurídicos, mas o exílio não merece ser diminuído colocando-o a este nível, que pode induzir em erro quem, por ter nascido depois do 25 de Abril, não soube o que era realmente o exílio.
Eu tive um «international assignment» dourado e não invejo o BC. Há que entender que se fala de «exilado do franquismo» porque esta ida para o CPI é a saída possível para a situação que lhe foi criada pelos (ainda) franquistas.
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