A laicidade do Estado não é uma frase para enfeitar Constituições e ser depois cavalgada por liberdades poéticas de uma Ministra que, recorde-se, representava oficialmente o governo português no discurso que fez na Câmara Municipal de Lisboa.
«E encontro as palavras da ministra da cultura portuguesa Gabriela Canavilhas: “[Saramago] Não tinha fé em Deus, mas se Ele existe certamente Deus teve fé nele.” Atento no último tempo verbal que tende a apagar (nunca involuntariamente pois são as palavras da ministra da cultura, linguisticamente competentes) o hipotético “se” que o antecede. (…)
O que a ministra da cultura ali fez, em pleno funeral e contando com o beneplácito dos condolidos presentes, foi matizar o ateísmo do falecido. Deixá-lo entender como (reduzi-lo a) idiossincrasia do vulto literário, uma excentricidade de génio. E fê-lo através de uma formulação típica de um qualquer cura face ao descrente da aldeia, salvaguardando a fé da comunidade apesar da excepção em causa.
O Estado é laico e não é função das suas figuras opinar sobre religião. Muito menos relativizar, post-mortem, as concepções do mundo dos seus cidadãos. O que se assistiu, mesmo que numa encenação de homenagem, foi a uma explícita censura às ideias do autor. (…)
As gentes da aldeia, ali congregadas e apenas preocupadas com quem esteve ou não esteve presente, aplaudem. Nem surdos nem cegos. Apenas medíocres. Nem deus, se ele existe, terá fé neles.»
O que a ministra da cultura ali fez, em pleno funeral e contando com o beneplácito dos condolidos presentes, foi matizar o ateísmo do falecido. Deixá-lo entender como (reduzi-lo a) idiossincrasia do vulto literário, uma excentricidade de génio. E fê-lo através de uma formulação típica de um qualquer cura face ao descrente da aldeia, salvaguardando a fé da comunidade apesar da excepção em causa.
O Estado é laico e não é função das suas figuras opinar sobre religião. Muito menos relativizar, post-mortem, as concepções do mundo dos seus cidadãos. O que se assistiu, mesmo que numa encenação de homenagem, foi a uma explícita censura às ideias do autor. (…)
As gentes da aldeia, ali congregadas e apenas preocupadas com quem esteve ou não esteve presente, aplaudem. Nem surdos nem cegos. Apenas medíocres. Nem deus, se ele existe, terá fé neles.»
(Daqui)
Preciosismo? Exagero? Não: apenas uma reacção correcta contra uma beatice que acaba por redundar numa displicência provinciana e lamentável.
...
17 comments:
Boa tarde, Joana,
Este "post" merece-me dois comentários.
O primeiro, deixei-o no Facebook.
Resumindo, diz que duvido muito que quando disse o que disse a Gabriela Canavilhas tenha tido a intenção que o autor lhe atribui, e que julgamentos de intenções como o que ele faz me deixam muitas dúvidas... pelo menos, em democracia.
O segundo é um bocado elaborado para o Facebook, pelo que o deixo apenas aqui.
Quer acredites, quer não, uma das impressões que uns meses de visitante do "Vias de facto" me deixaram foi que muitos dos autores (mas nenhuma das autoras), quando não concordam com um texto, ignoram as suas mil palavras e meia dúzia de ideias para pegarem numa única palavra ou numa pequena frase e lhe atribuem uma intenção que desacredita todo o texto e o seu autor, sem se darem ao trabalho de discutir o seu conteúdo. Muitas vezes o comentário acaba por resumir-se a um insulto ao autor, e a única coisa que parece relevante no texto é o facto de estarem em desacordo com ele.
E tomei esta impressão como algo que parece ser frequente entre esquerdistas, que acaba por constituir um entrincheiramento numa toca de onde não se vê o mundo a passar, e onde se vai construindo um mundo imaginário e delirante... o Saldanha Sanches dizia algo semelhante a isto quando falava do velho MRPP naquela entrevista.
O texto que tu citas parece-me um exemplo desta linha de pegar num texto com que apetece discordar, procurar uma palavra errada e desvendar através dessa palavra a intenção preversa do autor...
E vou acabar com uma frase que, se bem me lembro, é de um situacionista qualquer: "As armas da crítica, sem a crítica das armas, são as armas do suicídio".
Também já te respondi no FB, mas retomo aqui.
Não me parece que tenhas razão: eu citei um post do jpt porque achei que ele tinha sublinhado um aspecto importante e não interessa, neste caso, a totalidade do discurso do representante do governo naquele acto, porque a afirmação dele retirada não descontextualiza coisíssima nenhuma nem deturpa o que quer que seja.
Pode achar-se que não tem importância nenhuma, até gostar-se do que foi dito, mas isso é outra coisa, não o teu argumento.
A questão é que um ateu num estado laico ande a querer deixar cinzas em jardins sem ser para fertilização.
É que, livre de qualquer crença religiosa, o que é um cadáver para um ateu senão resíduos?
Acho mesmo um exagero! E teríamos de voltar à questão primeira: que significa um Estado laico?
Não quero invalidar a crítica, até porque se calhar até foi uma expressão de beatice. A morte tem esse poder.
Vamos lá ver se eu consigo explicar...
Primeiro, o facto de eu ter ficado com a impressão que descrevi é um facto, e não há que estar de acordo ou em desacordo com ele.
A impressão até pode estar errada por ser estatísticamente irrelevante ou a interpretação que faço dela ser incorrecta, ou a extensão dela ao "esquerdismo" ser abusiva. Mas aconteceu-me ser insultado por uma interpretação delirante de uma ínfima parte de um comentário que lá deixei, e vi mais disso lá, pelo que fiquei com essa impressão.
Segundo, desgosto mais do que gosto do que disse a Gabriela Canavilhas, que me parece um elogio ao Saramago de que, já deves ter adivinhado, discordo. Mas coisas desse género digo eu vezes sem conta, e tu também dirás provavelmente, porque tens sentido de humor, e só um cara de pau é que se presta a falar sempre de um modo completamente estoico, quer seja Ministro, quer seja cidadão comum.
Por este caminho, se um Ministro disser amanhã "Deus queira que a selecção nacional ganhe à brasileira" a blogoesfera poderá ser inundada de "posts" a denunciar a atitude beata do Ministro.
Terceiro, mesmo que a Gabriela Canavilhas quisesse fazer alguma crítica ao ateísmo do Saramago, o que volto a dizer que não acredito, saltar a apontar o facto como se de uma guerra religiosa se tratasse é um bocado exagerado. É que vivemos num mundo em que se violam, arrancam olhos e matam pessoas por não acreditarem no Deus certo... e censurar atitudes como esta branqueia os crimes horríveis que ainda são cometidos em nome das diferenças religiosas.
Quarto, o "post" que citas acaba por denunciar mais uma tentativa de censurar o Saramago, como se a censura existisse (ponto Terceiro), e as acusações de censura ao Saramago, esse que nunca atirou a primeira pedra como censor, parecem-me tão cheias de razão como as acusações de injúria e difamação à Manuela Moura Guedes, essa que nunca injuriou nem difamou...
Quinto, às vezes até fico com a impressão de que anda aí uma seita de adoradores do Saramago (em que não te incluo, aviso já) a vigiar e denunciar os infiéis em todos os mais insignificantes gestou ou palavras... Safa!!!!! (como dizia o Cavaco Silva...)
Manel,
E vamos lá ver se nos entendemos. Eu linkei um post, e acrescentei uns comentários, sem considerar nenhum DRAMA a tirada da ministra. Considerei - e continuo a considerar - que, em discursos oficiais ESCRITOS (e não improvisados), é legítimo esperar alguma atenção mesmo a detalhes.
Lateralmente ou talvez não: será que julgas que o jpt, autor do post no ma-shamba, é um perigoso esquerdista??? A gargalhada que ele dará se por acaso passar por aqui!
Joana,
Não faço ideia de quem é o jpt, e todos estes meus comentários são de facto dirigidos ao "post" dele, mais do que ao teu, com excepção óbvia do ponto Segundo do comentário anterior...
Mas nunca me ouviste falar de perigosos esquerdistas... acho que os esquerdistas são bem intencionados mas mal encaminhados, ou apenas mal intencionados, mas perigosos nunca os considerei, pelo menos, desde que sairam do poder (no tempo do Saramago eram perigosos).
Mas o meu comentário não o tentou proclamar como esquerdista, mas sim identificar que usou uma forma de justificar o desacordo com um texto, isolando um pormenor e desenvolvendo um processo de intenções ao seu autor, que especulo que seja normalmente usada por esquerdistas.
No máximo, talvez tenha ficado com a impressão, que pode estar errada, ou não, que é um dos adoradores do Saramago que andam por aí a purificar a memória dele denunciando qualquer impureza que a turve...
1. como disse lá no ma-schamba, obrigado pelo eco que aqui deu ao texto.
2. não direi gargalhada mas, sim, sai-me o sorriso à imputação de "esquerdista". Mas a associação de MVP tem alguma razão de ser (muito para além da mera confusão, normal, com os autores do "vias de facto"). É que o ateísmo é em Portugal (e não só) conotado com a esquerda, e a sua militância (mesmo que "postal") com algum esquerdismo, e de certa forma esta crítica denota isso.
3. Concordo com alguns pontos que MVP, muito em particular com a questão da tendência (que nao se esgotará nos autores de algum blog, e da qual eu muitas vezes partilho) de agarrarmos uma ponta de raciocínio (ou de discurso) e com ela vendarmos o conjunto. E nota-se muito em blogs, tanto pela vontade polemista como (e acho que acima de tudo) pelo tipo de texto curto que predomina.
4. Honestamente acho que não é este o caso. Proponho uma hipótese inversa: a morte de uma personalidade pública forte e activamente católica e o seu elogio fúnebre por um ministro. Iria ele, mesmo que em figura retórica, por em causa a existência do Deus cristão nesse discurso? Seria de "bom tom"? Tudo isto se prende também com algo que se pode responder a MVP: quem escreve muitas vezes distorce; mas quem lê ou ouve muitas vezes a alguns encontra discursos lisos e a outros rugosos. Consoante a simpatia tida pelo locutor ou, e talvez seja este o caso, porque há discursos que parecem "naturais" ("normais") enquanto outros ferem os ouvidos.
5. Sobre as formas coloquais de apelo à(s) divindade(s) e suas condenações [como alguém protestou recentemente porque um locutor futebolístico apelou a Deus para que a equipa dele ganhasse] são mero fundamentalismo bacoco, o que é uma coisa completamente diferente. Tem, aliás, tanto sentido protestar com isso como reprimir expressões coloquiais aparentemente (e praticamente) neutrais como "bolas" "coitado" ou "chato" que, atentamente, têm uma densidade bem diversa. Apenas refiro isto porque também me surge aqui como uma mera vontade de criticar.
6. Não vou elaborar muito sobre o que MVP diz sobre a "censura". JL diz e muito bem, é um texto escrito, foi pensado, pesado (e muito, com toda a certeza, até pelas múltiplas polémicas, passadas e actuais). O que ali está é o alisamento, com bonomia, até humor, a "integração" de uma forma de pensar do autor (do qual não me candidato a sacerdote, nem ideológico nem literário). Mas lá está, e repito-me: há discursos que queremos ler como "lisos", há outros que queremos ler como "rugosos".
7. Finalmente, não me parece legítimo que se possa retirar do exemplo do meu texto aquilo que MVP afirma sobre um conjunto de bloguistas, a intenção de insultar autores de discursos. Se insulto há no meu texto (e há) é para os ouvintes, (quase sempre tantos deles, sempre muitos mais) distraídos em querelas derbíisticas e indiferentes aos discuros (for-madores) de quem alcança poder para os realizar.
cumprimentos
Fui agora ao seu facebook e lá li um comentário que sumariza tudo, qualquer coisa como "a pulsão nacional para arredondar todas as arestas". Sim, quando afivelamos um sorriso e deixamos passar. Não, quando não temos um sorriso disponível.
Uma adenda: Li uma reportagem (o blog em causa está ligado) elogiosa do autor e do contexto fúnebre (e partisan na parvoíce política do funeral, já agora). Nela está citada a frase da ministra (é a única), citação não só ilustrativa mas que aparenta elevação. Como me chamou a atenção fui buscar ao youtube o discurso que ouvi. Parece-me pois bastante descabido o processo de intenções que MVP adianta, de andar à procura de algo para bater em alguém. Aliás, lendo o texto ligado e ouvindo o discurso isso parece-me explícito.
Boa noite, jpt...
Vejo que tem em comum comigo, pelo menos, uma certa margem para aperfeiçoamento na arte de condensar textos...
Como eu disse à Joana, não o tomei (necessariamente) por esquerdista, e, além disso, a ligação ao esquerdismo não foi pelo lado do ateísmo.
O que disse foi que a forma como tratou o texto da Gabriela Canavilhas é semelhante a formas de tratamento de textos que encontrei frequentemente no "Vias de facto", e especulei que as podia generalizar para os esquerdistas, mas não que o podia por essa via especializar como esquerdista.
Não sei se o ateísmo é necessariamente conotável com a esquerda. Eu sou ateu e não sou de esquerda. O ateísmo de palco, tão diligentemente exercido pelo Saramago (até já me perguntei se com meros intuitos de expressão de opinião, ou também alguns comerciais?), esse, é normalmente protagonizado pela esquerda.
Acresce que considero a esperança da esquerda de que algumas opções que a ciência económica demonstra que são desastrosas poderão alguma vez levar a uma melhoria das condições de vida dos mais desvaforecidos como uma crença quase religiosa, o que para mim faz dos esquerdistas almas propensas ao pensamento religioso, razão talvez suficiente para exibir o anti-clericismo (que não confundo com ateísmo) de forma tão espectacular.
Especula sobre que discurso poderia um governante fazer no funeral de um católico notável. Depende... se esse católico se tivesse notabilizado por uma polémica permanente de crítica aos ateus, especulo eu que talvez o governante pudesse tentar fazer um discurso de ponte entre posições que, aos envolvidos, parecem por vezes inconciliáveis...
Finalmente (e passo por cima da questão dos textos lisos ou rugosos, devido ao adiantado da hora), creio que não verá nos meus comentários se os reler cuidadosamente nenhuma sugestão a que o seu texto contenha insultos... os insultos que mencionei são factuais, alguns foram-me dirigidos a mim com base em interpretações delirantes de pequenos excertos dos meus comentários, outros vi-os dirigidos a outros comentadores em processos semelhantes.
E, finalmente, mas mesmo finalmente, o que eu escrevi de menos simpático sobre si foi especular se não seria mais um devoto do Saramago à procura de ameaças de censura ao seu adorado autor, seita com que, declaradamente, não simpatizo. Mas talvez me tenha enganado e, nesse caso, ainda bem...
Cumprimentos, e agradeço a resposta cordata...
Manuel Vilarinho Pires,
Parabéns.
Tem aqui uma série de excelentes comentários.
Um comentário do MVP recordou-me uma anedota real, que não resisto a ãqui deixar, perdoem-me se a despropósito. Numa noite de eleições para as autarquias (há muitos anos) eu estava na sede do PCP de Coimbra quando entra um militante eufórico: "Se Deus quiser ganhamos a junta x (não me recordo qual", e logo o desafabo de um indignado "Se Deus quiser, oh oh, Se Deus quiser...". Quer queiramos quer não, em Portugal quase todos temos o catolicismo entranhado.
Apenas me ocorre uma adenda, a de que também eu não considero o ateísmo necessariamente ligado com um "lugar" ideológico-político. O que referi é que é usual em Portugal conotar ateísmo com esquerda.[Também por isso tanta da polémica que Saramago causou em Portugal, e nisto creio que a irritação-mor que causou não foi a do seu comunismo mas acima de tudo o do seu ateísmo]
Caro jpt,
Não lhe sei dizer o que no Saramago irritou tanto os portugueses (os que ele irritou, claro), mas sei muito bem o que nele me irritou a mim, e não foi o facto de ser comunista, nem o de ser ateu.
Foi um comissário político que aceitou ser colocado num jornal para fazer dele um veículo de propaganda do partido (como o Sócrates é comparativamente inocente com as suas tentativas de arranjar amigos compradores para a TVI...).
Necessariamente, um censor, que pode haver pessoas que distingam dos censores fascistas, mas eu, não!
Despediu, aplicando um "código" laboral que não devia nada ao do fascismo, sem processos disciplinares, sem direito a indeminização nem subsídio de desemprego, com humilhação pública, ministrada por uma turba que pode haver pessoas que distingam das milícias fascistas, mas eu não.
Naquele período revolucionário o que ele fez não foi considerado crime (hoje seria, claro), mas não deixa de definir o carácter de quem o fez, para quem presta atenção: um comissário político carniceiro.
Podia ficar aqui o dia todo a escrever, mas isto é suficiente para explicar uma boa dose de irritação minha... e a razão porque me insurjo contra os que andam à procura de actos de "censura" de que ele pretensamente tenha sido vítima, porque no domínio da censura ele foi carrasco, mais do que vítima...
A Joana está de parabéns por conseguir despoletar uma sequência de intervenções riquíssimas, tão a propósito do tema mas também tão necessário neste tempo tão pobremente só de futebol.
MVP não quero eternizar (ainda para mais em casa alheia) um diálogo. Saramago irrita-o porque foi um controleiro comunista? Com toda a certeza. Mas o que eu digo é que uma sociedade que promove Otelo Saraiva de Carvalho tende a esquecer os maiores dislates (revolucionários ou não) ou até crimes desde que os indivíduos "não chateiem mais". E Saramago foi "chateando". Quanto ao resto nada me ocorre dizer que não repita o que já adiantei: apenas reforço, para si, que não me irrita (apenas) a ideia de que "censuraram" (ou "matizaram") o ateísmo de Saramago. Irrita-me acima de tudo estes paninhos quentes com a questão "deus" patenteada pelo poder (e eu sou um ateu de sofá, não impinjo o meu ateísmo a ninguém, nem à minha filha). E muito mais me irrita uma opinião pública (mediática, política, intelectual) interessada em contabilizar se o senhor presidente da republica está ou não, se a gravata é ou não é preta, se está compungido ou não, "atirando-se para o chão" em respeito e dor para com o passamento do nobel, e depois nem percebe, nem interpreta, o que os (compungidos, enlutados, presentes) dizem. Só isso. Ou seja o meu texto não é sobre Saramago, ele é apenas "o pretexto". Como escrevi em breve texto (praticamente só ligando outros) ao mesmo tempo o arraial parlamentar "censurou" um voto de pesar (valha isso o que valha) pelo idêntico passamento (caber-nos-á a todos) do poeta Couto Viana. É este vazio entre-orelhas que choca, não os actos dos escritores, suas crenças, manias ou actos.
Cumprimentos e um bom fim-de-semana
Os comentários a este post estão na origem de um outro que agora publiquei.
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