28.8.10

Neste país em miniatura


Num Domingo de manhã, estava eu de nariz colado à montra de uma farmácia fechada em busca de outras abertas, quando uma transeunte (deve ser a primeira vez na vida que escrevo esta palavra…) me disse que bem perto, na avenida do Uruguai, havia uma ao serviço de quem dela precisa, 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Com espanto, fiquei a saber ontem que, devido a queixas da «concorrência» que se sente lesada no negócio (seis farmácias de bairros próximos), o Infarmed e um tribunal impõem que a Uruguai respeite limites de horário, apesar de protestos da Junta de Freguesia e de um abaixo-assinado de mais de mil utentes: só pode abrir portas entre as 6 e as 24 horas.

Imagino portanto que, se alguma das seis outras tivesse falido, teria certamente sido porque as gentes de Benfica acorriam em massa, por gosto e pura maldade, de madrugada, para comprarem aspirinas ou produtos de beleza, ao único local que se tinha disposto a investir (em despesa com salários) para vender medicamentos em situações de emergência.

Chamem-me liberal que eu não me importo, mas tudo isto apenas reflecte inveja e mesquinhez – e provincianismo, já agora.

(Fonte)
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2 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Bom dia, Joana!

Vamos no bom caminho... ;-)

A inveja e a mesquinhez e, de uma maneira geral, o egoísmo, existem e estão na natureza da esmagadora maioria da humanidade.
Podemos amuar com a constatação, mas não temos capacidade de mudar as pessoas, se bem que ao longo da história tenha havido algumas tentativas, todas com resultados miseráveis.
Dado que a humanidade é assim, percebe-se muito bem que todos os sistemas de economia planificada ensaiados até hoje tenham sido capturados por opurtunistas que manipulam a planificação em seu favor. É uma fatalidade.
E que a economia de mercado lhes dificulte seriamente a captura, uma vez que todos os outros opurtunistas os podem combater através da concorrência, transferindo para os consumidores o poder de arbitrar o jogo através das suas escolhas, quanto mais livres e informadas, melhor. E basta haver concorrência para esta transferência de poder se verificar.
O sistema de regulação das farmácias em Portugal poderia ter sido concebido pelos mais proeminentes burocratas soviéticos.
Em teoria, os seus objectivos são todos virtuosos, a garantia de um bom aconselhamento aos utentes, a garantia da acessibilidade adequada, a garantia da possibilidade de acesso permanente.
Na prática, são um exemplo acabado daquilo que um Nobel da Economia afirmou "The best of all monopoly profits is a quiet life".
Se a farmácia da Av. do Uruguai perturbava a "quiet life" das outras, feche-se!

Eu também não me importo que me chamem liberal, mesmo quando tenho a convicção de que é um insulto para quem chama. Genericamente interpreto o insulto desta forma: "eles riem-se de mim por eu ser diferente, e eu rio-me deles por serem todos iguais".

PS:
Dica: A farmácia do Santa Maria está aberta permanentemente.
E encontras lá toda a sorte de cremes de beleza e brindes para as férias e, até, remédios.

Manuel Vilarinho Pires disse...

No entanto...

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1653817

... a seguir com atenção, não vá ela vir a ter problemas por esta afronta!