5.3.13

Já nem o capitalismo é o que era?



No Domingo passado, 68% dos suíços votaram em referendo a limitação de remunerações «excessivas» dos executivos das empresas cotadas em bolsa e a proibição de indeminizações «douradas». O autor das propostas agora aprovadas foi Thomas Minder, senador da UDC (União Democrática do Centro, populista de direita).

Vale a pena percorrer o dossier publicado pelo jornal Le Temps Initiative Minder (acesso gratuito mas que exige registo) para se medir o tom da polémica que envolveu o processo.

Fala-se de «triunfo popular», a maioria das opiniões parece reflectir a necessidade de se regressar a um «capitalismo são», mas há também quem fale do risco de fuga de líderes do mundo económico para outras paragens menos castradoras. À esquerda, espera-se que se trate de uma mudança de clima na sociedade, mais favorável às questões da redistribuição da massa salarial e à diminuição do fosso actualmente existente.

Confesso-me com mixed feelings: se tudo isto é eticamente louvável, não me parece que a aplicação de uma espécie de pensos rápidos à fase actual do capitalismo resolva qualquer questão de fundo, quando o primado da alta finança sobre a política permanece incólume. E, aí, não se vislumbra qualquer túnel quanto mais uma luz ao fundo do mesmo. Mas, enfim: talvez seja um pequeno (bom) passo, sei lá... 

(A ler também, no mesmo jornal, um longo texto: La déferlante pro-Minder
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1 comments:

alf disse...

Inteiramente de acordo.

Penso que há uma vantagem nesta coisa do "penso rápido": a evidência de que há uma ferida, uma doença. Isso tem sido sempre negado e pela primeira vez é politicamente afirmado, é a primeira vez que por via política, na Europa, alguém consegue contrariar o directório económico.

Venham mais pensos. Uma taxa sobre os movimentos bolsistas, a penalização das transferências para offshores, imposto sobre os produtos de luxo, imposto sobre as receitas obtidas no país das empresas com sede no estrangeiro.